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10 OUT 2018

NIC.br comemora 10 anos do IPv6.br com debates sobre avanços da adoção do protocolo e desafios para IoT




Cursos, palestras, produção de vídeos e publicação de livro estão entre as ações do IPv6.br para divulgar e incentivar a adoção da versão 6 do protocolo Internet

Os 10 anos da iniciativa IPv6.br, do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), foram comemorados no dia 9 de outubro em conjunto com a comunidade técnica. Debates com representantes de provedores de acesso e conteúdo, de universidades, de empresas, entre outros profissionais, marcaram o evento promovido pelo NIC.br, que contou ainda com homenagem a empresas e instituições que tiveram participação importante no processo de implantação do IPv6 no Brasil e um jantar de comemoração. Ao longo do dia painéis e apresentações trataram dos avanços da adoção do IPv6 e dos desafios atuais e futuros, que envolvem temas como a Internet das Coisas (IoT na sigla em inglês).

"A primeira ação que fizemos para divulgar e incentivar a adoção da versão 6 do protocolo Internet foi em 2008 com o lançamento do site IPv6.br", recordou Antonio M. Moreiras (NIC.br). Em resgate histórico sobre os 10 anos da iniciativa, a equipe do IPv6.br lembrou dos cursos presenciais e de Educação a Distância (EaD), palestras, produção de vídeos didáticos, publicação de livro sobre o tema, além da realização de eventos como a "Semana IPv6", "IPv6 no Café da Manhã", seis edições do Fórum Brasileiro de IPv6 e de reuniões com associações de provedores, operadoras de telecomunicações, órgãos de Governo, entre outros atores.

Ao total, mais de 5.500 alunos que operam em redes de diferentes tamanhos no Brasil foram treinados em cursos presenciais pelo NIC.br, nas cinco regiões do País. "O custo de formação de mão de obra sempre foi uma parte importante do investimento de implantação do IPv6. Decidimos que seria uma área essencial para atuar e já treinamos uma porcentagem significativa dos AS (Autonomous System)", reforçou Moreiras. Já o módulo de Educação a Distância (EaD) possui 5 mil alunos inscritos, com emissão de 660 certificados. Outra iniciativa, o livro “Laboratório de Ipv6”, foi distribuído desde junho de 2015 para 572 instituições de ensino que possuem cursos voltados para a área de Redes de Computadores  (saiba como solicitar).

Panorama brasileiro

Na abertura do evento, Demi Getschko (NIC.br) lembrou do espírito libertário que regeu o projeto de criação da Internet, "uma rede sem centro de controle, sem ‘chave de desliga’". Segundo ele essas características e conceitos precisam ser preservados. "Quando discutimos as vantagens da transição para IPv6, algumas delas estão relacionadas aos conceitos básicos da Internet, que é uma rede 'ponta-a-ponta', ou seja, uma rede onde origem e destino conversam diretamente", comentou Getschko, tratando especialmente do uso de NAT (Network Address Translation), solução provisória adotada por empresas para compartilhar os IPs na versão 4 entre diversos usuários simultâneos, para protelar o esgotamento. 

O status da distribuição de IP no mundo e as estatísticas de adoção de IPv6 no Brasil também foram apresentadas pelo diretor presidente do NIC.br, reforçando que o Brasil está bem posicionado em comparação com outros países, com aproximadamente 30% dos usuários de Internet utilizando IPv6, de acordo com dados da iniciativa IPv6.br. "A implantação do IPv6 no Brasil é um bom exemplo de colaboração entre provedores de acesso e conteúdo, usuários, instituição de governo e outros atores importantes. Essa união é fundamental para progredirmos nesse novo ambiente a que a Internet das Coisas vai nos levar. Precisamos que o IPv6 esteja plenamente disseminado", alertou Getschko. 

O IPv6 possui espaço finito, conjunto numérico de 128 bits e possibilidade de "endereçar" mais de 340 undecilhões de dispositivos e redes, reforçou Ricardo Patara (NIC.br) em apresentação sobre o panorama do esgotamento do IPv4 e a implantação do IPv6 na Internet. Hoje, mais de 93% das organizações brasileiras com ASN (Autonomous System Number, identificador único para um AS) possuem Ipv6 que atingiu eese pico em 2015. "O crescimento tem relação direta com iniciativas promovidas pelo NIC.br, por meio do IPv6.br. Foram reuniões com provedores de acesso, conteúdo, fabricantes, além de capacitação de profissionais que proporcionaram crescimento significativo da adoção do IPv6 no País". 

Qual a previsão de zerar o estoque de IPv4 para novos entrantes? Patara informou que as fases de esgotamento do Registro de Endereçamento da Internet para a América Latina e o Caribe (LACNIC) foram baseadas na quantidade de endereços livres. A previsão de esgotamento de IPv4 para a região é janeiro de 2020, considerando o volume de alocações atuais. Hoje, o LACNIC dispõe de 2,8 milhões de endereços IPv4, porém apenas novos entrantes podem solicitar alocação de blocos v4. "Com o esgotamento total, aqueles que precisarem de IPv4 vão contar com outras possibilidades e regras, como mecanismos que permitam a redistribuição de IPv4. Não é o melhor dos mundos, o ideal é adotar o IPv6", enfatizou Patara. 

O IPv6 é o padrão que deve ser adotado para Internet das Coisas (IoT na sigla em inglês), segundo o IETF (Internet Engineering Task Force), principal entidade empenhada no desenvolvimento de novas especificações de padrões da Internet. A afirmação é da pesquisadora e estudiosa no tema, Ines Robles, que além de destacar a importância do IPv6 apresentou tecnologias que permitem que protocolo funcione em equipamentos pequenos e de capacidade restrita, mas que são muito difundidos.

Casos de adoção do protocolo

O evento trouxe também a experiência de implantação de IPv6 em larga escala por um provedor regional, descrita por Eduardo Andrez, da Cabo Telecom, uma das empresas homenageadas pelo NIC.br por seus esforços na adoção do protocolo. Andrez relatou dificuldades em 2009, quando a empresa recebeu seu bloco IPv6 - entre elas, a falta de trânsito v6 e pouco conteúdo com suporte ao protocolo. Em 2017, a Cabo Telecom conseguiu finalizar o processo de adoção. "Hoje, 73% dos nossos clientes estão aptos a usar IPv6. Não foi uma trajetória fácil, acabamos penalizando o cliente de forma involuntária durante as tentativas de implantação do protocolo. Agora não tem mais volta, temos uma operação tranquila e o IPv6 chegou para ficar", destacou. 

Já a adoção pelas grandes operadoras foi comentada por Ildeu Borges (SindiTelebrasil). "A migração de IPv6 é essencial, atende ao crescimento exponencial de acessos e aplicações, especialmente de IoT, além de melhorar o funcionamento e segurança das redes", pontuou. Borges destacou que as empresas se engajaram fortemente no processo de implantação do IPv6 capitaneado pelo NIC.br no Brasil e listou ações realizadas pelas prestadoras, como implantação do suporte ao IPv6 em toda a rede e otimização do uso de IPv4 e tecnologias de suporte à migração. O representante do SindiTelebrasil também comentou que o CGNAT possui uma série de desafios, especialmente no que trata de ajustes técnicos para cumprir solicitações judiciais.

Games e IPv6

Responsável por moderar o painel "Games e IPv6", Eduardo Morales (NIC.br) informou que muitos provedores relataram problemas com jogos on-line. De um lado, a maioria dos jogos mais famosos não possui suporte a IPv6, exige uma boa conectividade e necessidade de várias portas. Do outro lado, apenas novos provedores de Internet podem receber IPv4, a maioria usa CGNAT e muitos não sabem quantas portas deixam para cada usuário. "A solução mais simples é usar IPv6. É mais rápido do que IPv4, permite conexão fim a fim e cada usuário tem seu endereço IP. Mas os dois lados precisam implanta-lo", ponderou Morales. 

Durante o painel, Bárbara Simão (IDEC) trouxe o problema sob perspectiva do consumidor, reforçando a necessidade de um atendimento de qualidade aos clientes que reportarem erros. Luiz Ojima Sakuda (Abragames), por sua vez, alertou que os problemas podem impactar na própria crescente cultura de jogos e também na produção de conteúdo nacional, ressaltando que os jogos digitais são uma indústria que antecipa tendências percebidas em outros setores. 

A perspectiva da Anatel foi abordada por Stefan Rafael Leandro Machado, que afirmou que a agência está sensível à causa e possui interesse de que o IPv6 se desenvolva no Brasil, enquanto Eduardo Parajo (Abranet/CGI.br) destacou que os pequenos e médios provedores têm feito esforço grande para implantação de IPv6 em suas redes. "É fundamental buscar alternativas e informações para que possamos passar por essa fase de transição e remediar o problema com os jogos on-line", afirmou Parajo. 

Desligamento do IPv4

Como provedores de acesso e provedores de conteúdo e serviços estão lidando com os desafios da implantação do IPv6 e desligamento do IPv4? O evento '10 anos de IPv6.br' promoveu o debate sobre o tema com representantes de diferentes empresas e setores. Fábio Scartoni (Vivo) afirmou que o volume de tráfego IPv6 na rede da Vivo é de quase 50%, considerando as redes de banda larga fixa e móvel. "Estamos próximos de fazer a virada e deixar de entregar IPv4 para os clientes que estão usando IPv6. Passa a fazer sentido para a empresa quando o volume de tráfego IPv6 ultrapassar a faixa de 50%", concluiu. 

Não é a maioria dos provedores que tem IPv6 operando em suas redes. Basílio Perez (Abrint) compartilhou o receio dos pequenos provedores com a adoção do protocolo. "Eles não querem ter problema com suporte e estão esperando o momento mais propício para fazer essa migração", comentou. Na opinião do presidente da Abrint, o desligamento do IPv4 ainda vai demorar muitos anos, ponto de vista compartilhado por Fernando Frediani (consultor de projetos na área de engenharia e infraestrutura). "Não vejo tão cedo uma Internet 'IPv6 only', o que vejo são cada vez mais técnicas de transição", afirmou Frediani.

Em contraponto ao que foi comentado por Perez e Frediani, Uesley Correia (Network Education) defendeu a adoção imediata do protocolo. "A data ideal para implantar IPv6 numa rede já passou. Hoje temos latência, jitter, tudo equiparado. Não vejo mais nenhuma desculpa. Ásia e Pacífico não possuem mais IPv4 e como eles estão se virando lá? Estão trabalhando com 'IPv6 only'". Em complemento, Rodrigo Regis (NIC.br), moderador do painel, afirmou que um incentivo importante para adoção do IPv6 está nas estatísticas. "A partir do momento que um provedor de conteúdo observar que 90% do seu acesso vem de IPv6 e que tem custo para manter a rede IPv4, ele pode querer desligá-la". 

Muitos provedores de conteúdo estão migrando para 'IPv6 only', comentou Tiago Jun Nakamura (NIC.br), moderador de painel que trouxe a visão dos provedores de conteúdo e serviços. Os desafios para gerenciar as redes IPv4 e IPv6 foram comentados por Leandro Bertholdo (UFRGS/RNP), Eduardo Lee (Etice), Raphael Amiralhe (Locaweb) e Fábio Longarai Silva (Terra). Outro tema de destaque, as questões técnicas e jurídicas envolvendo CGNAT e a guarda de logs no âmbito do Marco Civil da Internet e da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais também foram analisadas no evento por Daniele Frasson (Abrint). 

A programação chegou ao fim com um jantar de comemoração que contou com uma homenagem às empresas e instituições que tiveram participação importante no processo de implantação do IPv6 no Brasil - que inclui universidades, bancos, provedores de acesso e de conteúdo. São elas: Anatel, Banrisul, Cabo Telecom, ETICE, Febraban, Fundação PTI, Terra, UNESP, UOL e Vivo. Além dos autores de livros brasileiros sobre IPv6: Adilson Florentino e Samuel Bucke Brito. Para mais informações sobre a iniciativa IPv6.br, do NIC.br, acesse: https://ipv6.br. Acesse a playlist com a transmissão do evento na íntegra: https://www.youtube.com/playlist?list=PLQq8-9yVHyOaXEH0VaLUAjpgVkAs1FbZs. Em breve, os vídeos individuais de cada palestra serão disponibilizados no mesmo endereço.

Sobre o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR – NIC.br

O Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR — NIC.br (https://www.nic.br/) é uma entidade civil, de direito privado e sem fins de lucro, que além de implementar as decisões e projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil, tem entre suas atribuições: coordenar o registro de nomes de domínio — Registro.br (https://www.registro.br/), estudar, responder e tratar incidentes de segurança no Brasil — CERT.br (https://www.cert.br/), estudar e pesquisar tecnologias de redes e operações — Ceptro.br (https://www.ceptro.br/), produzir indicadores sobre as tecnologias da informação e da comunicação — Cetic.br (https://www.cetic.br/), implementar e operar os Pontos de Troca de Tráfego — IX.br (https://ix.br/), viabilizar a participação da comunidade brasileira no desenvolvimento global da Web e subsidiar a formulação de políticas públicas — Ceweb.br (https://www.ceweb.br), e abrigar o escritório do W3C no Brasil (https://www.w3c.br/).

Sobre o Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br

O Comitê Gestor da Internet no Brasil, responsável por estabelecer diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e desenvolvimento da Internet no Brasil, coordena e integra todas as iniciativas de serviços Internet no País, promovendo a qualidade técnica, a inovação e a disseminação dos serviços ofertados. Com base nos princípios do multissetorialismo e transparência, o CGI.br representa um modelo de governança da Internet democrático, elogiado internacionalmente, em que todos os setores da sociedade são partícipes de forma equânime de suas decisões. Uma de suas formulações são os 10 Princípios para a Governança e Uso da Internet (https://www.cgi.br/principios). Mais informações em https://www.cgi.br/.

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