Uso viciante de telas aumenta risco de suicídio entre jovens
Estado de Minas - 8/9/2025 - [gif]
Assunto: Proteção de crianças e adolescentes na Internet
Excesso de tempo diante das telas impacta a saúde mental de crianças e adolescentes, reforçando a necessidade de diálogo e supervisão familiar
O Setembro Amarelo é um convite à reflexão sobre a saúde mental e a prevenção do suicídio. Neste ano, um tema ganha destaque: o impacto do uso excessivo de telas na vida dos adolescentes.
Um estudo publicado em junho de 2025 pela revista científica JAMA Psychiatry revelou que o uso viciante de telas está associado a um aumento significativo do risco de ideação suicida entre jovens.
Essa e outras pesquisas, além de acontecimentos recentes, como a denúncia do YouTuber Felca sobre canais que exploram a imagem de crianças e adolescentes, reacende o debate sobre os efeitos das redes sociais, jogos online e plataformas de streaming no desenvolvimento emocional dessa geração.
“Não se trata de demonizar as telas, mas de orientar o uso. Os jovens precisam de mediação para aprender a lidar com esse excesso de estímulos. O diálogo aberto, a definição de limites e a atenção ao comportamento diário são fundamentais para reduzir riscos”, destaca a psiquiatra geral e psiquiatra da infância e adolescência, supervisora na residência de psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp/EPM) e especialista pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Danielle Admoni.
No Brasil, os números reforçam a urgência da discussão. De acordo com a pesquisa TIC Kids Online Brasil, do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), entre 2015 e 2024 houve um crescimento de onze pontos percentuais entre crianças e adolescentes de nove a 17 anos que usam a internet todos os dias ou quase todos os dias: de 84% para 95%.
Uma pesquisa da Universidade Federal do Paraná com adolescentes meninas, de abril de 2025, mostrou que 76,4% delas usam telas por mais de quatro horas por dia. Segundo os autores da pesquisa, estudos indicam que cerca de 10% a 20% dos adolescentes podem apresentar sinais de uso problemático da internet, o que pode levar a problemas psicológicos, incluindo ansiedade e depressão.
Mas a tecnologia também pode ser positiva, servindo como ferramenta de acolhimento e conexão quando usada de forma equilibrada. O desafio está em supervisionar, impor limites e conversar abertamente sobre os riscos e benefícios do mundo digital.
Dicas para pais e responsáveis
Algumas medidas podem ajudar famílias a promover uma relação mais saudável com a tecnologia:
Estabeleça limites de tempo
- Defina horários claros para o uso de telas, evitando longos períodos consecutivos
- O ideal é que, pelo menos uma hora antes de dormir, celulares e computadores sejam desligados para preservar o sono
- Mais importante que o tempo é a qualidade: observe quais aplicativos, jogos e redes sociais os filhos utilizam
- Sempre que possível, conheça as comunidades online das quais participam
- Explique, de forma adequada à idade, sobre cyberbullying, comparações sociais e conteúdos nocivos
- Deixe claro que eles podem procurar você em caso de situações constrangedoras ou violentas na internet e que você não vai brigar caso o adolescente caia em algum tipo de golpe, mas sim ajudar a resolver o problema
- Pais e responsáveis são modelos de comportamento. Se toda a família estiver constantemente no celular, será difícil convencer o adolescente a se desconectar
- Valorize momentos offline, como refeições em conjunto e passeios ao ar livre
- Esporte, música, arte e encontros com amigos fortalecem a autoestima e reduzem a dependência digital
Use a tecnologia a favor
- Aplicativos de controle parental e configurações de bem-estar digital podem ajudar a monitorar o tempo de uso e limitar o acesso a conteúdos inadequados

