Só 2% dos professores usam tecnologia
Todos Pela Educação - 24/05/2013 - [ gif ]
Assunto: Indicadores Cetic.br
Estudo mostra que, entre docentes que utilizam computador e internet nas aulas, maioria ensina apenas como mexer no equipamento
Mesmo tendo acesso a computadores com conexão à internet no trabalho e em casa, apenas 2% dos Professores brasileiros da rede pública urbana usam a tecnologia como suporte em sala de aula. E os que usam se limitam – na maior parte do tempo– a ensinar a Alunos como utilizar o computador, em vez de desenvolver práticas pedagógicas. As constatações fazem parte da pesquisa TIC Educação 2012, divulgada ontem pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) – entidade oficial que coordena serviços da web no País.
Para chegar a esses indicadores, foram entrevistados pessoalmente 1.236 Professores de mais de 570 Escolas públicas de todas as regiões do Brasil, escolhidas aleatoriamente. O estudo mostra que 92% dos Docentes da rede pública já têm conexão à internet em casa. Praticamente todos os Professores (99%) são considerados usuários em rede, ou seja, usaram a internet pelo menos uma vez nos últimos três meses.
Na Escola, a realidade de acesso é semelhante. Quase todas as unidades têm ao menos um computador. Nas Escolas que dispõem do equipamento, 89% possuem acesso à internet. “O primeiro passo está sendo dado: existe o acesso. Falta agora usar a tecnologia de forma qualitativa, para melhorar a Educação”, afirma Alexandre Barbosa, gerente do Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação (Cetic. br), unidade vinculada ao CGI.br que realizou a pesquisa. Raro.
A Professora Diana Mendes, de 36 anos – que trabalha há 12 na rede municipal de São Paulo –, diz que nem sempre é possível usar a tecnologia na rotina das aulas.“As salas de informática podem até ser super bem equipadas e bacanas, mas as turmas só têm acesso a elas uma hora por semana”, conta Diana. O uso esporádico também é relatado pela aluna da rede estadual paulista Valéria Lage, de 17 anos, do 3.º ano do Ensino médio da Escola Maria Juvenal Homem de Melo, no Grajaú, zona sul. “Os Professores usam de vezem quando – de uma a duas vezes por semestre – o netbook e o projetor. Com o projetor, é mais fácil entender a aula.” Políticas. Para Priscila Gonsales, diretor a do Instituto Educadigital, faltam políticas públicas específicas para um melhor uso da tecnologia nas Escolas. “Não adianta só comprar equipamentos.”
Em São Paulo, a Secretaria Municipal de Educação espera melhorar a qualidade da conexão – um dos problemas identificados no estudo. “Efetuamos a troca de maquinários obsoletos e esperamos até o fim do ano aumentar a velocidade de internet das Escolas” ,afirma Jane Reolo, coordenadora de Informática Educativa da cidade. Procurada às 15h30, a Secretaria Estadual de Educação informou que a rede paulista dispõe de computadores e acesso à internet e seus Docentes recebem orientação contínua para o uso pedagógico de tecnologia.
Já o Ministério da Educação afirmou que, com o programa Banda Larga nas Escolas, de 2008, 60 mil Escolas públicas vêm se beneficiando da “ampliação periódica de conexão em alta velocidade”. O MEC cita iniciativas como o Portal do Professor, que oferece “recursos educacionais com grande potencial”.
PCs ficaram 3 anos em caixas
Em fevereiro deste ano, o Estado publicou o relatório de auditoria da Controladoria- Geral da União (CGU) sobre o Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo). Na auditoria, a CGUmostrou que mais de 20% dos 56 mil equipamentos de informática entregues às Escolas foram guardados em caixas por até três anos. Em15 mil laboratórios, o órgão observou que os Professores não foram capacitados a operá-los.
Opinião: É preciso oferecer novos currículos para futuros docentes
Os Professores ainda usam pouco as tecnologias aplicadas à Educação. Alguns motivos podem explicar essa realidade. Primeiramente, as Escolas do Brasil não foram adequadamente equipadas. Existem unidades com computadores, mas muitas vezes eles não têm uma conexão à internet de qualidade. E, quando as Escolas possuem equipamentos adequados, o acesso nem sempre é livre.
O tipo de formação que o Professor teve é outra razão que pode justificar a baixa utilização das tecnologias na Escola. Em geral, eles não foram qualificados, especificamente, para trabalhar com a tecnologia nas salas de aula, até porque a internet surgiu na década de 1990, algo muito recente. Hoje, eles estão desafiados a aprender ao mesmo tempo em que aplicam os computadores na sua rotina.
O problema é que essa falha na formação continua até hoje. Os cursos de formação de Professores em todo o País ainda não contemplam fortemente o uso de tecnologia da Educação como disciplina. É preciso oferecer novos currículos para que os atuais estudantes de graduação, os futuros Professores, já cheguem às Escolas sabendo usar as tecnologias em seu proveito. Precisamos tratar desse tema com mais detalhe, mais força.
Além disso, as secretarias de Educação precisam oferecer mais cursos para os pro- fissionais que já estão nas Escolas, mas que não tiveram uma formação voltada para o melhor uso de instrumentos modernos.
No entanto, é sempre importante perceber que a tecnologia não deve dispensar a intermediação do Professor. Ela pode ser um bom instrumento, mas é com o trabalho do Educador que o Aluno conseguirá agregar mais conhecimento. É presidente do Conselho Nacional de Educação.
*José Fernandes de Lima
Mais de 90% dos professores de escolas públicas têm acesso à internet de casa
Enquanto menos da metade da população brasileira tem acesso à internet da própria residência, 92% dos professores de escolas públicas do País já possuem conexão à web no domicílio. Praticamente todos os docentes - incluindo os 8% restantes -, são considerados "usários em rede", ou seja, utilizaram alguma vez a web nos últimos três meses. O porcentual, referente à 2012, é superior ao índice de 2010 (81%).
Os números fazem parte da terceira edição da pesquisa TIC Educação divulgada nesta quinta-feira (22) pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) - entidade oficial que integra serviços de internet no País. Para chegar a esses indicadores, a pesquisa entrevistou pessoalmente 1.236 professores de mais de 570 escolas públicas urbanas de todas as regiões do Brasil.
Além de massificado o acesso à internet, os professores estão cada vez mais trocando o computador de mesa pela versão portátil, como os nootebooks. A proporção de professores com o instrumento de mão aumentou 10 pontos porcentuais de 2011 para 2012. E mais, praticamente metade dos professores levam o equipamento para as salas de aulas.
"Os nossos professores estão conectados. E o porcentual de conexão é até superior ao de outros profissionais com nível superior. Para esse público o acesso chega à 91%, um pouco menor que os professores em geral, ou seja, de todos os níveis de escolaridade", afirma Alexandre Barbosa, gerente do Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação (CETIC.br) - unidade vinculada à CGI que realizou a pesquisa.
Aprendizado
Se a batalha do acesso ao equipamento já está sendo ultrapassada, o embate da apropriação das ferramentas disponíveis no equipamento ainda é um desafio. Isso porque, segundo a pesquisa, os professores tiveram que aprender sozinhos a utilizarem o computador.
Quem não conseguiu aprender pela própria astúcia, teve de recorrer a um curso de informática. Dos que realizaram cursos específicos, mais de 70% pagaram do próprio bolso. Apenas 22% tiveram acesso a um treinamento formal oferecido pelas secretarias de educação.
Acesso e limitação
99% dos Professores usaram a internet nos últimos três meses
21 é a média de computadores de mesa em cada Escola. Desses, três não funcionam
63% das práticas pedagógicas feitas pelo Professor com auxílio da tecnologia ocorrem nos laboratórios de informática
73% dos Professores consideram que a baixa conexão à internet dificulta o uso das tecnologias na sala.