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21 JUN 2012

Saneamento básico é artigo de luxo no Alto Paraopeba






Jornal Correio da Cidade - 21/06/2012 - [ gif ]
Assunto: Indicadores CETIC.br

Enquanto mais de 84% dos brasileiros têm acesso a internet e telefonia celular – segundo dados do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.Br) – milhares de moradores do Alto Paraopeba ainda não possuem acesso aos serviços essenciais de saneamento básico. De acordo com os dados relativos ao Censo 2010, revelados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas seis dos 19 municípios da região têm mais da metade de seus domicílios com serviço adequado de saneamento básico.

Se o quadro geral já é crítico, uma análise mais detalhada da situação dos domicílios da área rural revela uma realidade extremamente preocupante: considerando as mesmas 19 cidades, apenas Lafaiete possui saneamento adequado em mais de 10% da área rural. A grande maioria possui índices mínimos, indicando a quase total ou total ausência de fornecimento de água, captação de esgoto e coleta de lixo, como é o caso de Cristiano Otoni, Desterro de Entre Rios e Itaverava. O índice de inadequação supera os 80% em sete municípios: Capela Nova (81,1%), Catas Altas da Noruega (85,9), Desterro de Entre Rios (92,1%), Itaverava (86,9%), Lamim (85%), Piranga (86,4%) e Santana dos Montes (83,5%).

Entenda o caso

De acordo com o documento “Indicadores sociais municipais: uma análise dos resultados do universo do Censo Demográfico 2010”, disponível no endereço http://www. ibge.gov.br/home/estatistica/ populacao / censo2010/indicadores_sociais_municipais/ indicadores_sociais_municipais. pdf, foi considerado “domicílio com saneamento adequado” aquele com escoadouro ligado à rede geral ou à fossa séptica, servido de água proveniente de rede geral de abastecimento e com destino do lixo coletado diretamente ou indiretamente pelos serviços de limpeza.

Os “domicílios com saneamento semiadequado” possuíam, pelo me­nos, um dos serviços de abastecimento de água, esgoto ou lixo, classificados como adequados. Os “domicílios com saneamento inadequado” não apresentaram qualquer condição de saneamento básico considerado adequado, isso é, não estavam conectados à rede geral de abastecimento de água, ao esgotamento sanitário nem tinham acesso à coleta de lixo. Em todo o Brasil, segundo o IBGE, houve um significativo crescimento (45,3% para 61,8%) da proporção de domicílios com saneamento adequado entre 1991 e 2010.

Realidade regional

Segundo dados do IBGE, 88,6% do saneamento em Lafaiete é considerado como adequado, 10,2% como semiadequado e 1,2% inadequados. A melhor média é obtida na área urbana, onde a cobertura adequada se estende a 91,1% dos 33.639 domicílios registrados. Já na área rural, o índice de inadequação chega a 21,1% dos 1.492 domicílios. 45,2% são classificados como semiadequados e 33,7% são adequados.

Em Congonhas, 76,1% do saneamento oferecido aos 14.070 domicílios são considerados adequados. O serviço é mais eficiente para os 13.692 domicílios situados na área urbana (adequado: 76,1%, semiadequado: 22,4% e inadequado: 1,5%) que para a rural     (adequado: 4,8%, semi-adequado: 60,1% e inadequado: 35,2%).

Já em Ouro Branco, que em 2010 possuía 35.268 habitantes, o índice de saneamento adequado chega a 86,4% dos 10.380 domicílios. A situação  também é pior na área rural, onde 37,7% dos 1.019 domicílios possuem, segundo o IBGE, saneamento inadequado e 54,9% semiadequado. Só 7,5% do saneamento na área rural são considerados adequados.

O mesmo quadro se repete em todas as cidades da região, como pode ser conferido na tabela abaixo, sendo que, em alguns casos, a situação exige mais atenção. É o caso da cidade de Itaverava, onde quase metade dos domicílios da cidade (48,1%) possui saneamento inadequado e apenas 25,5% possuem serviços satisfatórios. O problema é ainda mais grave em Piranga, onde 54% dos 4.580 domicílios não possuem saneamento adequado. A situação se complica ainda mais quando analisados, isoladamente, os números da área rural do município, que abriga a maior parte da população: dos 2.838 domicílios, apenas 0,1% contam com saneamento adequado. A grande maioria, 86,4%, tem serviços de saneamento inadequado. O alerta também vale para Catas Altas da Noruega, onde a média geral de saneamento inadequado chega a 47,9%.

Saiba mais

A infraestrutura de acesso à rede de fornecimento de água potável, de esgotamento sanitário e coleta de lixo deve ser garantida pelo Estado. Sem dúvida, a criação e a manutenção dessas infraestruturas requerem elevados investimentos em obras e constantes melhoramentos, o que se torna um desafio de grandes dimensões, especialmente num país de extensão continental como o Brasil. Boas condições de saneamento não só melhoram a saúde das pessoas como também melhoram as condições do meio am­biente.  De acordo com a Organi­za­ção Mundial da Saúde - OMS (World Health Organization - WHO), doenças relacionadas com os sistemas precários de água e esgoto e as deficiências de higiene são responsáveis por muitas mortes no mundo todo.