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07 FEV 2000

Por trás do acesso gratuito






Arquivo do Clipping 2000

Veículo: Estado de Minas
Data: 07/02/2000
Assunto: universalização de acesso 

O serviço de acesso gratuito na Internet teve o pontapé inicial dado pelos sites de bancos. O Banco Rural, por exemplo, oferece a Internet de graça para seus clientes há pelo menos quatro anos. Já o Bradesco lançou seu "Rede acesso grátis" no dia 13 de dezembro, para os clientes do Estado de São Paulo, e está condicionado à freqüência de serviços bancários acionados via internet. "Quanto mais o cliente utilizar o banking do Bradesco, mais horas de acesso gratuito ele tem", explica Douglas Tevis Francisco, diretor de produtos de Informática do Bradesco.

Roberto José Rigotto de Gouvêa, diretor do provedor BR Home Shopping, acredita que os bancos iniciaram este serviço gratuito na rede porque é econômico para a instituição. "Com o acesso eletrônico dos clientes, o banco reduz seus custos. Na verdade, é o cliente que está subsidiando este serviço gratuito quando utiliza a internet para fazer suas operações financeiras", explica.

O que é

Por acesso gratuito é importante ressaltar que ele está limitado a sua entrada na internet. O tempo conectado na linha telefônica continua sendo cobrado, ou seja, os impulsos telefônicos são computados de acordo com o tempo conectado. Às vezes, a conexão do acesso pode vir a uma velocidade tão baixa que a tendência é de que o impulso telefônico gasto para baixar um arquivo, por exemplo, fique mais caro do que a assinatura de um provedor.

Por isto que internet de graça, sem alguma forma de cobrança ou subsídio, é praticamente difícil de existir, principalmente porque as receitas dos provedores de acesso advém da assinatura de seus clientes. A fatia destinada à publicidade e ao comércio eletrônico ainda é insignificante e não manteria um provedor gratuito. "O retorno do investimento destes provedores vai voltar para o internauta de alguma forma", acredita Laércio Fortes, representante da Abranet (Associação Brasileira de Provedores de Internet) em Minas Gerais.

Na Austrália, por exemplo, a internet grátis não se firmou porque atingiu uma parcela da população economicamente pequena. Aqui no Brasil, o perfil do usuário de acesso gratuito estaria ligado aquele de poder aquisitivo mais baixo. "A expectativa é de que os usuários de internet gratuita correspondam a 30% dos internautas da rede", analisa Roberto Rigotto.

Esta diferenciação no perfil do internauta - aqueles que já têm um provedor de acesso pago para aqueles que estão entrando na rede gratuita - também é percebida e ressaltada pelos provedores de acesso gratuito. Michel Hanna, diretor de marketing e vendas das subsidiárias IFX, holding latino-americana que está lançando o site Tutopia, no dia 15 de fevereiro, acredita que o usuário de provedor pago gasta mais horas e tem um domínio maior para navegar na internet, ao contrário daquele que está procurando o serviço gratuito para saciar a curiosidade e entender a rede.

Como funciona

A maioria dos provedores gratuitos oferecem o serviço de download do acesso pela internet. É necessário que o interessado entre na página do provedor e siga os procedimentos de cadastro. No caso do BRFree, o usuário que não tiver como acessar a internet pode solicitar a visita de um técnico que fará configuração da máquina em sua casa.

Neste cadastro, questões como identidade e segurança no acesso podem ficar vulneráveis em alguns sites. "Uma de nossas preocupação é cadastrar nosso usuário para que possamos identificá-lo e oferecer um serviço personalizado", conta Jean Michel Guillaume, diretor comercial e de marketing do BR Free. O Terra Livre também está de olho na questão da segurança e identificação de seu cliente. "Nós fazemos um login individual, específico, vinculado ao cadastro do usuário para identificá-lo", esclarece Riza Soares, gerente de unidade Terra Minas Gerais.

Esta questão da segurança é ressalta pelo Comitê Gestor da Internet (CGI). Segundo Raphael Mandarino Junior, membro do CGI, a não identificação dos usuários pode permitir que alguém mal intencionado utilize a rede para cometer atos ilícitos. "A responsabilidade do mal uso da internet deve ser creditada aos provedores de acesso que não sabem ou não querem identificar seu cliente", explica Raphael.

Também a Anpi (Associação Nacional dos Provedores de Internet) alerta para a segurança na rede. "O acesso gratuito vulnerabiliza a segurança na rede, já que favorece o anonimato e a imunidade de pessoas que utilizam a internet para atacar outros sites", acredita Erick Sanz, presidente da entidade.