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27 SET 2009

"População comum" ganhou acesso à internet em 1995






R7 Notícias - 27/09/2009 - [ gif ]
Assunto: Internet

Embratel começou a oferecer sozinha o acesso à web, mas governo permitiu competição no setor

A internet só foi deixar mesmo de ser coisa de professor universitário em maio de 1995, quando a Embratel inaugurou seu serviço de acesso discado à internet. Na época, temia-se que a empresa, que na época era estatal, criasse um monopólio e oferecesse sozinha a possibilidade de conexão à web.

Isso não aconteceu porque uma determinação do Ministério das Comunicações permitiu a concorrência no setor, com a criação de diferentes provedores de internet.

As companhias telefônicas ficaram responsáveis por montar a infraestrutura da rede, enquanto outras empresas fariam a ponte com o usuário final. A estimativa é que o país terminou o ano com 120 mil internautas - a conexão era feita pela linha telefônica, que ficava ocupada quando alguém estava na internet.

Entre 1996 e 2000, o mercado viveu sua primeira "era de ouro", com o brasileiro adotando a rede de maneira bastante rápida. Uma pesquisa do instituto Datafolha divulgada em agosto de 1998 dizia que o país tinha 2,1 milhões de usuários e que esse mercado já faturava US$ 2 bilhões por ano.

Assim como no resto do mundo, era comum que sites e serviços surgissem e, rapidamente, fossem comprados por grandes empresas. Foi o caso do Cadê?, primeiro sistema de buscas brasileiro, criado por Fabio Oliveira e Gustavo Viberti.

No início, o buscador não tinha tecnologia para rastrear páginas de internet e selecionar os resultados automaticamente, como acontece hoje com o Google, por exemplo. Os sites que surgiam nos resultados das pesquisas eram cadastrados manualmente e classificados em categorias. Mesmo assim, o Cadê? dava lucro em 1998, algo um tanto raro na época, e foi comprado pela multinacional StarMedia, por um valor não revelado. Em 2000, passou para as mãos do Yahoo! Brasil.

Investidores internacionais também tentaram a sorte no mercado nacional. A AOL, que era o maior provedor de internet do mundo, chegou ao Brasil em 1999 com uma estratégia agressiva de distribuição de CDs para instalação do sistema de acesso à web da empresa.

Mas logo surgiram problemas, já que o software alterava arquivos já instalados no computador do usuário. Incapaz de concorrer com líderes do setor no Brasil como o UOL, o provedor norte-americano encerrou suas atividades no país em 2006.

Ainda jovem, a web passou por sua primeira grande crise, com o estouro do fenômeno ocorrido "bolha da internet", ocorrido entre 1995 e 2001. Com a euforia causada pelo potencial do sistema, houve um investimento em massa em produtos e serviços relacionados à rede.

As ações das chamadas empresas pontocom cresciam de forma assustadora, mas acabaram supervalorizadas. Em maio de 2001, a Nasdaq, Bolsa de Valores norte-americana em que são negociadas as ações das companhias de tecnologia, chegou ao seu ápice histórico em 10 de março de 2000, com 5.048,62 pontos. Depois disso, entrou em processo de queda acelerada, desabando 75% em 30 meses.

Demi Getschko, conselheiro do CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil), entidade que gerencia a rede no país, diz que o mercado sofreu de uma espécie de "nascimento prematuro".

- A bolha foi uma antecipação. Muitas coisas que são corretas morrem antes da hora. Mas também havia um certo exagero, como cobrar US$ 1.000 (R$ 1.800) por cada usuário de um provedor quando a empresa era comprada.

Em meio a esse cenário complicado, entre 1999 e 2000, chegou ao Brasil a chamada internet banda larga, que permite navegar em alta velocidade e sem deixar a linha de telefone ocupada.

Se com a conexão discada era possível usar a internet a uma velocidade de no máximo 56 kilobytes por segundo, com a banda larga o mínimo era de 256 kilobytes por segundo.

Apesar do processo lento de popularização do sistema, desde janeiro de 2005 a maior parte dos internautas brasileiros usa a rede em alta velocidade.

Dados da empresa de tecnologia Cisco indicam que a banda larga cresceu 16% no primeiro semestre deste ano, chegando a um total de 13,6 milhões de conexões residenciais - a maioria das pessoas (28% dos internautas) navega a uma velocidade de 512 kilobytes.