Os desafios do Iot para ganhar escala no Brasil
Meio & Mensagem - 29/9/2022 - [gif]
Autor: Taís Farias
Assunto: TIC Empresas
A Pesquisa TIC Empresas, estudo anual realizado desde 2005, pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR, apontou um crescimento da aplicação de Internet das Coisas, o IoT, no Brasil. O conceito de Internet das Coisas define a conexão de objetos físicos por meio de sensores, softwares e outras tecnologias para trocar dados por meio da internet.
De acordo com o relatório, 14% das mais de quatro mil empresas pesquisadas usaram algum tipo de tecnologia IoT. Entre as companhias do setor de comunicação e informação, esse número sobe para 36%. Questionadas sobre o uso da tecnologia, 85% das empresas que usam Internet das Coisas apontaram a segurança como foco, com sistemas de alarme e câmeras de segurança inteligentes. Na sequência, com 44%, aparece o uso em dispositivos de gerenciamento do consumo de energia.
As empresas foram ouvidas entre agosto de 2021 e abril de 2022. Para Paulo Spaccaquerche, presidente da Associação Brasileira de Internet das Coisas (Abinc), o desenvolvimento do IoT ainda esbarra no fator cultural e na falta de mão de obra qualificada. Em entrevista, ele fala sobre o perfil de maturidade da tecnologia no País.
Meio & Mensagem - Hoje, qual o patamar de maturidade da tecnologia IoT no Brasil?
Paulo Spaccaquerche - A Internet das Coisas (IoT), antes um conceito debatido e discutido apenas em laboratórios e empresas de tecnologia, agora, é realidade em qualquer segmento de mercado. Todos estão buscando empregar soluções de IoT para melhorar suas operações. Os avanços tecnológicos, principalmente na conectividade, incluindo redes móveis e 5G, computação de ponta e análises avançadas, foram enormes. Essa combinação de tecnologias ofertadas na IoT mostra que, a cada dia que passa, a maturidade aumenta. O crescimento da oferta de aplicativos também levou a uma maior adoção da IoT ano após ano. Temos soluções para pedir comida, táxi, qualidade do ar e assim por diante. Hoje, a IoT deixou de ser para early adopters e passou a ser considerada uma prática necessária para os negócios. A posição do Brasil é respeitada. Estamos melhores que muitos países e na América Latina somos os primeiros.
M&M - Em paralelo, qual o estágio de adesão por parte das empresas? Quais são os principais obstáculos?
Paulo - Hoje, existem diversas empresas utilizando soluções IoT com comprovado retorno sobre o que foi investido. Outras estão fazendo provas de conceito e outras avaliando por onde começar. Todos irão adotar. Isso não se questiona. Mas o que temos visto é que o lado cultural da empresa e mão de obra qualificada tem contribuído para gerar os maiores obstáculos. A adoção de uma solução de IoT deve ser iniciada em uma área da empresa onde se tem as maiores dores do negócio para depois expandir. Outro ponto a ser pensado é que a maioria dos projetos de IoT são serviços e como tal são negociados no modelo SaaS e isso culturalmente pode ser um obstáculo. Empresas privadas, e mesmo as públicas, entendem como um desafio adotar em escala da IoT, por falta de interoperabilidade, gerenciamento de mudanças e segurança. Sem considerar toda a parte de LGPD e privacidade dos dados.
M&M - Entre os usos, o destaque é a segurança. Quais são as possibilidades do IoT nesse sentido?
Paulo - Segurança é uma questão fundamental em qualquer projeto de IoT. A possibilidade de se ter abertura através de um sensor é um ponto preocupante. Atualmente na ABINC, através do Comitê de Segurança está desenhando, uma metodologia para ser aplicada em projetos de IoT. Esta metodologia está baseada no Framework do ISF - IoT Security Foundation, na Inglaterra, e que a ABINC tem parceria.
M&M - Para além da segurança, em quais áreas o IoT deve crescer nos próximos anos?
Paulo - Cada vez mais nas conectividades, seja por rede privativa, LPwan, nano satélites, seja por combinações com IA e soluções de interoperabilidade. Outro setor de crescimento será o de Integradores e aí não são somente as grandes empresas. Os médios integradores terão grande espaço no mercado. Por fim, entendemos que os ISP deverão desempenhar um papel importante nesse mundo da IoT e cada vez mais.