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10 MAI 2012

Oito em cada dez brasileiros baixam músicas ou vídeos piratas da internet, estima Ipea






UOL Tecnologia - 10/05/2012 - [ gif ]
Assunto: Internet

Escavadora destroi cópias ilegais de mídias em campanha contra a pirataria na China

Escavadora destroi cópias ilegais de mídias em campanha contra a pirataria na China

Um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), publicado nesta quinta-feira (10), estima que oito em cada dez internautas brasileiros baixam músicas ou vídeos piratas da internet. A pesquisa é fruto do cruzamento de dados do levantamento TIC Domicílios 2010, promovido pelo CGI (Comitê Gestor da Internet), e que busca dar um panorama da internet no Brasil.

Chamado de “Download de músicas e filmes no Brasil: Um perfil dos piratas online” (clique aqui para ter acesso), o estudo diz que 81% dos usuários de internet se consideram piratas online. Esse termo define usuários que baixaram músicas ou filmes nos últimos três meses e não compraram músicas ou filmes nos últimos doze meses.

Ao justificar o motivo por que não é possível cravar dados sobre o assunto pirataria digital, o estudo diz que “os envolvidos têm receio de sanções”.

Ao analisar os dados do levantamento é possível aferir que a classe econômica tem ligação direta com o consumo de conteúdos piratas. Na classe A, 75% dos usuários informaram ser piratas online, enquanto nas classes D e E juntas essa porcentagem foi de 96%.

Conheça a história do compartilhamento de arquivos: dos disquetes ao fechamento do Megaupload

Imagine um mundo sem internet, onde você precisa enviar um arquivo, seja ele qual for, a um amigo, alguém da família, um cliente. Impossível, não é? Mas essa era a realidade das pessoas há cerca de quarenta anos. Antes da rede mundial de computadores, compartilhar arquivos dependia de mídias físicas – fitas magnéticas e disquetes, por exemplo. E desde aquela época havia a discussão do direito sobre a propriedade intelectual (e pirataria). Veja a seguir como a tecnologia de compartilhamento de arquivos evolui

Antes de 1970 - Fitas magnéticas
Um dos primeiros dispositivos usados para armazenar dados digitais em larga escala e que podiam ser facilmente transportados foram as fitas magnéticas. Elas mais tarde evoluiriam para cartuchos e fitas cassetes

O primeiros disquetes (de 8 polegadas) começaram a ser vendidos pela IBM no início dos anos 70. Eram uma alternativa aos cartões perfurados, usados para inserir dados nos computadores, e às fitas magnéticas. Só no final daquela década, no entanto, é que chegariam aos usuários finais, com o lançamento do computador pessoal Apple II, que trazia dois leitores de disquetes, já no formato de 5.25 polegadas

1978 - Sistema de Boletim Eletrônico
O BBS (Bulletin Board System, em inglês) era um sistema bem simples que permitia aos usuários fazerem o upload e download de softwares e arquivos. Ele era acessado via login usando um telefone ligado a um modem

1979 - Usenet
Foi uma das primeiras redes de computadores, criada pela Universidade da Carolina do Norte e pela Universidade Duke e que permitia a transferência de arquivos entre usuários usando protocolo UUCP (Unix-to-Unix Copy)

1985 - FTP
O protocolo de transferência de arquivos (File Transfer Protocol, em inglês) foi criado para a troca de dados de um servidor central para outro dispositivo usando a internet (ou redes que usem protocolo TCP). Ele é utilizado até hoje, mas é criticado por não ser seguro, já que os dados transferidos não passam por codificação

Década de 90 - Web e a popularização da internet
Tim-Berners Lee criou em 1992 a World Wide Web (WWW), sistema que permite a visualização de textos e mídias na internet a partir de um navegador. A internet, que havia sido criada com objetivos militares na década de 60, ganhou então popularidade e passou a ser usada com fins comerciais. Surgem a partir daí inúmeros softwares para comunicação e troca de arquivos

1998 - Audiogalaxy
Michael Merhej era estudante de Ciência da Computação na Universidade do Texas quando criou o Audiogalaxy, serviço que permitia a troca de arquivos entre usuários, em um sistema que mais tarde se popularizou: o peer-to-peer (ou par-a-par). Nele, os usuários trocam dados entre si, pois cada um deles atua como se fosse um servidor de arquivos, sem a necessidade de que haja um único local central armazenando todos os dados. Atualmente o serviço virou um tocador de músicas compartilhadas por usuários

1999 - Napster
O programador e estudante da Universidade Boston Northeastern, Shawn Fanning, aos 19 anos, lançou o Napster, software que permitia aos usuários fazerem buscas por arquivos indexados em um único servidor, mas com download via peer-to-peer. O sucesso levou o site a alcançar em dois anos, segundo dados da ''Forbes'', mais de 70 milhões de usuários

2000 - Gnutella
Acusado de promover o compartilhamento de arquivos protegidos por direitos autorais, o Napster começa a enfrentar dificuldades para dar continuidade ao serviço. Os internautas passam então a procurar alternativas, como o Gnutella. O ''protocolo'', segundo o ''New Yotk Times'', permitia a troca de arquivos peer-to-peer, mas sem a necessidade de um banco de dados central como o Napster. Mais tarde, foi usado na criação do LimeWire, software de código aberto e gratuito

2000 - Metallica processa Napster
A banda processou o Napster depois que uma de suas músicas, ainda em versão demo, vazou na internet e começou a tocar em rádios americanas. Na ação, que incluía a Universidade do Sul da Califórnia e Indiana (porque estudantes tinham compartilhado os arquivos), o Metallica alegou que o software encorajava a pirataria.
Na foto, o baterista do grupo, Lars Ulrich (centro) conversa com Hank Berry(dir.), então presidente do Napster, antes do depoimento no Senado americano. O Napster foi obrigado pela Justiça a retirar todas as músicas da banda compartilhadas pelo serviço

2001 - Kazaa
Na Estônia, programadores da Bluemoon criam um novo protocolo de transferência de arquivos chamado Fast Track. Ele seria vendido e usado posteriormente no desenvolvimento do Kazaa, software para compartilhamento de arquivos peer-to-peer, lançado pela Consumer Empowerment. A empresa, com o início de uma série de ações judiciais por violação de direitos autorais, vendeu o Kazaa a Sharman Networks. Depois de concordar em pagar US$ 100 milhões em indenização a gravadoras, segundo a ''BBC'', o serviço passou a oferecer apenas downloads legais em 2006

2001 - BitTorrent
O protocolo BitTorrent foi criado pelo programador americano Bram Cohen e, apesar de também ser baseado no sistema peer-to-peer, possibilita o download mais rápido de arquivos. Enquanto outros softwares desse tipo permitem que você baixe o arquivo de uma única fonte, o BitTorrent oferece o download de ''pedaços'' de um arquivo de múltiplas fontes; assim, quanto mais popular o arquivo, mais rápido será baixado

2001 - Napster é fechado
Pressionado por um processo judicial da RIAA (Recording Industry Association of America) apresentado já em 1999, o Napster iniciou uma batalha legal com a associação. Acabou perdendo na nona apelação apresentada, quando a Justiça determinou que a empresa impedisse que material com direitos autorais fosse compartilhado pelo sistema. Como não conseguiu cumprir a ordem, saiu do ar em julho de 2001. No ano seguinte, o Napster pediu proteção contra falência e foi comprada pela Bertelsmann por US$ 8 milhões. Na foto acima, o criador do site, Shawn Fanning (esq.), e o então presidente, Hank Barry

2002 - eMule
Mesmo com o fechamento do Napster, outras opções de softwares peer-to-peer continuaram surgindo. Uma delas foi o eMule, lançado em 2002 como uma alternativa ao software eDonkey 2000, mas com recursos aperfeiçoados como a recuperação de downloads interrompidos e divisão igualitária da velocidade de download entre usuários

2003 - Pirate Bay
O ''Escritório da Pirataria'' (Piratbyran, em sueco) foi criado em 2003 com o intuito de debater abertamente as leis de direito autoral. No mesmo ano, Gottfrid Svartholm, Fredrik Neij e Peter Sunde, membros do Piratbyran, lançam o Pirate Bay, site que auxilia na busca por arquivos torrent. Logo ele viraria alvo das autoridades suecas: em maio de 2006 policiais apreenderam 200 servidores de arquivos do Pirate Bay. A batalha legal prossegue; a última sentença, de 2010, ordenou que os fundadores pagassem indenização equivalente a US$ 6,5 milhões.

2005 - YouTube
Tido como um ''divisor de águas'', o YouTube apresentou um novo conceito de compartilhamento: vídeos eram carregados no site e podiam ser visualizados ali por qualquer internauta. O sucesso do formato da ferramenta levou a empresa a ser comprada pela gigante de internet Google no final de 2006 por US$ 1,6 bilhão. Apesar de conter o aviso para que vídeos com direitos autorais protegidos não sejam carregados no serviço, muitos usuários ignoram a resolução. Constantemente, a equipe do YouTube remove materiais que julga inadequados, mas logo novos arquivos são recolocados no site. Na foto, Chad Hurley (esq.) e Steve Chen, fundadores do YouTube

2005 - Megaupload
Criado pelo alemão Kim ''Dotcom'' Schimtz, o Megaupload é um serviço web de hospedagem e compartilhamento de arquivos com ''apenas um clique''. O usuário faz o carregamento de um arquivo e depois envia o link para outro poder baixá-lo. O site possui serviços subjacentes: Megapix (para fotos), MegaVideo (vídeos), MegaPorn (conteúdo pornográfico), MegaLive (serviço de streaming de vídeo) e o MegaBox (músicas). Até 2012, o site tinha alcançado mais de 150 milhões de usuários registrados, 50 milhões de visitantes diários e quase 4% de todo tráfego da internet mundial

2006 - Rapidshare
Criado pelo alemão Christian Schmid como uma solução para envio de arquivos muito grandes, o Rapidshare surgiu em 2006 com o nome de ezShare. Era um serviço privado e, com o sucesso, acabou sendo lançado como um empreendimento pouco tempo depois. O serviço, um dos principais concorrentes do Megauload, afirma ter 1 milhão de visitantes por dia e já armazena o equivalente a 1 Petabytes (ou 1 milhão de Gigabytes)

2010 - Ação contra Limewire
O Limeware, software gratuito e de código aberto peer-to-peer, foi processado por 13 gravadoras, que pedem US$ 75 trilhões em indenização em danos da empresa por violação de direitos autorais, segundo o ''Geekosystem''. A pressão surtiu efeito: o Limeware retirou o download do seu software de seu site, temendo perder a ação

2010 - Igreja do Ctrl C + Ctrl V
O sueco Isak Gerson, 19, inspirado na filosofia ''Copy Me'' (Copie-me) do Piratbyran, cria a Igreja Missionária do Copimismo, que prega a cópia e o compartilhamento de arquivos e é registrada legalmente em dezembro de 2010 pela Agência de Serviços Administrativos da Suécia. Com mais de 4 mil membros no mundo, os copimistas pregam que a internet é sagrada por permitir que informações sejam copiadas e ''semeadas''

2011 - Leis antipirataria causam polêmica nos EUA
Diversos sites norte-americanos protestaram contra dois projetos de lei parecidos, chamados Pipa (do inglês, lei para proteger a propriedade intelectual) e Sopa (do inglês, lei para impedir a pirataria online). Elas permitiriam um site inteiro fosse fechado, se acusado de pirataria, sem a necessidade de julgamento ou audiência judicial. Isso mesmo que um usuário, e não o próprio site, publique conteúdo pirata. Com a pressão contra, o Senado adiou a votação do projetos

2011 - YouTube 4 bilhões de vídeos assistidos
O Google anuncia que o YouTube alcançou a marca de 4 bilhões de vídeos ao dia, um aumento de 25% em oito meses, graças à chegada do serviço a dispositivos móveis, como tablets e smartphones. Para comemorar a marca, o Google lançou o ''www.onehourpersecond.com'', que mostra estatísticas curiosas sobre o site

2011 - Megaupload é tirado do ar
O FBI bloqueia o acesso ao site Megaupload, mesmo sem que o caso passe previamente por julgamento na Justiça dos Estados Unidos. A agência afirma que o site ''promove a distribuição em massa'' de conteúdo protegido por direitos autorais e, com auxílio de autoridades internacionais, prende seis dos sete suspeitos, entre eles o fundador do site, Kim ''Dotcom'' Schimtz

Foto 1 de 24 - Imagine um mundo sem internet, onde você precisa enviar um arquivo, seja ele qual for, a um amigo, alguém da família, um cliente. Impossível, não é? Mas essa era a realidade das pessoas há cerca de quarenta anos. Antes da rede mundial de computadores, compartilhar arquivos dependia de mídias físicas – fitas magnéticas e disquetes, por exemplo. E desde aquela época havia a discussão do direito sobre a propriedade intelectual (e pirataria). Veja a seguir como a tecnologia de compartilhamento de arquivos evolui Arte UOL

No campo da escolaridade foi observada tendência parecida: quanto menor o tempo de estudo, maior a ocorrência de pirataria entre os usuários. Dentre os usuários que estudaram até o primário, 92% afirmaram baixar vídeos e músicas. Já entre pessoas com nível superior, 77% disseram que fazem download de arquivos multimídia de forma ilegal.

No que diz respeito à região, é no nordeste do Brasil que há maior taxa de internautas piratas: 86% dos entrevistados da região que usam internet disseram ter baixado vídeo ou música ilegais nos últimos meses. Após nordeste, vem o sudeste (82%), sul (79%) e norte e centro-norte (ambos com 73%).

Possíveis causas

Apesar de não ser conclusivo, o levantamento do Ipea levanta algumas questões sobre possíveis causas da pirataria no país – sobretudo na área de filmes. “A ausência de salas de exibição de filmes em mais de cinco mil municípios do país tende a incentivar o consumo de filmes piratas. Como a oferta é marcado pelo lançamento nos cinemas [...], os habitantes desses municípios desatendidos só têm as opções de viajar ou adquirir um produto pirata.”

Já no campo musical, o estudo cita a evolução tecnológica – não é necessário mais um intermediário, uma vez que o usuário pode baixar diretamente da internet –, a falta de legislação sobre o assunto e de modelos de negócios interessantes para o consumidor.