O Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), entidade ligada ao Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), escolheu a Nokia, multinacional finlandesa e gigante da tecnologia de telecomunicações e consumo, para fazer um upgrade na infraestrutura da Internet brasileira.

Atualmente, o Brasil passa por um crescimento massivo no tráfego de internet e dados. Conforme o NIC.br, o país deverá chegar a 218,5 milhões de usuários e mais de 50 terabits por segundo (Tb/s) nos próximos cinco anos.

Tendo isso em vista, o projeto tem o propósito de aumentar o desempenho do Brasil Internet Exchange (IX.br), projeto CGI.br que promove e cria a infra-estrutura necessária para a interconexão direta entre as redes que compõem a Internet do país.

Isso inclui a otimização do tráfego de dados entre provedores de serviços de Internet, provedores de conteúdo, provedores de serviços de hospedagem e hyperscalers, entre outras operadoras de rede.

O projeto conta atualmente com 36 Pontos de Troca de Tráfego de Internet (PTT) distribuídos em áreas metropolitanas das cinco regiões do país, conectando mais de 3,5 mil sistemas autônomos. Trata-se do maior conjunto de PTTs do mundo.

A tecnologia atual do NIC.br será substituída por roteadores Nokia 7250 e 7750 (IXR), que operam com serviços EVPN e interfaces de 400/800G, implementando tecnologia de roteamento IP projetada para lidar com ambientes de alto tráfego de rede.

Outro destaque é a expansão do protocolo EVPN, uma solução de VPN de última geração que fornece uma arquitetura unificada, atuando no controle do plano de dados e no controle da rede, além de atender a uma maior gama de operadoras de serviços de VPN corporativos e infraestruturas de rede.

Segundo Vach Kompella, vice-presidente de redes IP da Nokia, a atualização da rede do NIC.br, com aumentos em capacidade, confiabilidade e automação, é essencial para acompanhar o crescimento exponencial da Internet no Brasil.

“Gigantes dos pontos de interconexão de tráfego, como o NIC.br, estão na linha de frente do gerenciamento do tráfego de internet e dados, em seu implacável crescimento, estimulado por hyperscalers, ISPs, provedores de conteúdo e operadoras de rede”, explica Kompella.

A Nokia, fundada em 1865, passou por diversas transformações em mais de 150 anos de história. De líder no mercado de celulares, a empresa passou a focar em redes de telecomunicações e infraestrutura, desenvolvendo a rede 5G.

Atualmente, a companhia atua no setor de tecnologia de redes, sendo uma das maiores fornecedoras de soluções para telecomunicações no mundo, com uma presença significativa no desenvolvimento de redes móveis e tecnologias avançadas de comunicação.

Em 2023, a Nokia reportou receitas entre € 23,2 e € 24,6 bilhões, mostrando uma queda nas vendas líquidas em comparação ao ano anterior. O impacto foi causado pela desaceleração nos investimentos em redes 5G na América do Norte e Índia.

Apesar da queda nos lucros, a empresa prevê recuperação até o final de 2024. A Nokia espera economizar entre € 800 milhões e € 1,2 bilhão até 2026, com um plano estratégico para melhorar a rentabilidade.

O NIC.br é uma entidade sem fins lucrativos, responsável pelas operações relacionadas ao domínio .br, bem como pela alocação de números IP e pelo registro de sistemas autônomos no país.

Com a arrecadação de recursos por meio do registro de domínios .br e da alocação de endereços IP, a organização realiza ações e projetos para otimizar a infraestrutura da internet brasileira.

Entre eles, estão Registro.br (https://registro.br) e CERT.br (https://cert.br/), além de projetos como o Internetsegura.br (https://internetsegura.br) e o portal Melhores Práticas para a Internet no Brasil (https://bcp.nic.br/).

Recentemente, o IX.br, projeto no qual a Nokia trabalhará, ganhou uma concorrente alemã, a DE-CIX, uma das maiores operadoras de pontos de troca de tráfego de Internet do mundo. 

A companhia acaba de abrir suas duas primeiras localizações no Brasil, no Rio de Janeiro e em São Paulo, com data de início de operação prevista para o segundo trimestre de 2025.

No país, a alemã pretende concorrer com o IX.br ao oferecer serviços específicos para grandes empresas relacionadas à nuvem, como o Microsoft Azure Peering Service (MAPS).