Mais da metade dos brasileiros nunca usou computador--pesquisa
Arquivo do Clipping 2005
Veículo:Reuters
Data: 24/11/2005
Assunto: Indicadores
Segundo o órgão coordenador das iniciativas de Internet no país, 55 por cento dos brasileiros não têm computador e 68 por cento nunca teve acesso à Internet, enquanto apenas 16,6 por cento possui um computador em casa e somente 13,8 por cento usa o computador diariamente.
Os dados, que representam todo o país, foram levantados pelo instituto Ipsos-Opinion, e desvendam o perfil do usuário brasileiro de computadores e Internet sob vários aspectos, que vão desde temas ligados à segurança até educação. A pesquisa, que será divulgada anualmente, envolveu 8.540 residências durante os meses de agosto e setembro deste ano.
"Nosso objetivo é oferecer dados pesquisados com metodologia internacional, que possam ser comparados com os de outros países e utilizados na produção de políticas públicas de inclusão digital e no planejamento de negócios", explicou Rogério Santana, conselheiro do CGIBr.
Os dados mostraram que apenas 24 por cento da população do país acessou a Internet nos últimos três meses e somente 9,6 por cento acessam o serviço diariamente.
Das pessoas que acessaram a rede recentemente, 41 por cento classificaram seu objetivo como para atividades educacionais, 32 por cento como fins pessoais e 26 por cento acessam a Internet por conta do trabalho. Cerca de 60 por cento dos entrevistados acessaram a rede por meio de computador pessoal, 2 por cento através de laptops e 21 por cento tiveram acesso à Internet com a ajuda do telefone celular.
"Ficamos surpresos com o total de pessoas conectadas por meio do aparelho celular. Isso demonstra que o celular caiu mesmo nas graças do brasileiro, que está se adaptando bem à todas as possibilidades disponíveis", afirma Santana.
A pesquisa CGIBr/Ipsos demonstra que 88,7 por cento da população classificada como classe A --com renda familiar acima dos 1.800 reais-- possuem computador em casa, contra 55,5 por cento da classe B --com renda entre 1.001 e 1.800 reais--, 16,1 por cento da classe C -- que ganha entre 501 e 1.000 reais -- e apenas 2 por cento das classes D e E -- com renda até 500 reais.
POLíTICAS PúBLICAS
Os dados domiciliares levantados pelo estudo CGIBr/Ipsos também evidenciam o caminho que as políticas públicas de inclusão digital do governo Lula estão tomando, segundo os seus coordenadores.
Quando perguntados sobre a intenção e disponibilidade financeira para comprar um computador, somente os entrevistados das classes B e C --com renda familiar entre 501 e 1.800 reais -- possuem interesse e dinheiro suficiente para serem beneficiadas pelo programa PC Conectado, por exemplo, que através de incentivos e parcerias com fabricantes de computadores oferecerá PCs populares por 1.400 reais, com facilidades para o pagamento.
"Com a pesquisa, percebemos que as classes D e E não são sensíveis aos programas de inclusão digital que visam baixar os preços dos computadores", explica Clifford Young, diretor do Ipsos-Opinion.
"Para essas pessoas, principalmente os jovens dessas classes sociais, a inclusão somente acontecerá se o governo atuar em outra frente, intensificando o acesso à Internet nas escolas e em telecentros", conclui Young.
A íntegra do levantamento está disponível no site do CGIBr (www.cgi.br/releases/2005/rl-2005-07.htm).