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02 OUT 2013

Jogos levam os alunos a uma ‘viagem educativa’






Folha de Pernambuco - 02/10/2013 - [ gif ]
Autor: Danilo Aguiar
Assunto: Indicadores Cetic.br

Já não é difícil encontrar jogos eletrônicos que funcionem como um complemento à educação tradicional. Um exemplo deles é “O Mini Aprendiz”, aplicativo que visa incentivar a melhora da escrita e pronúncia de palavras, desenvolvendo a capacidade cognitiva do usuário. O aplicativo ainda está em fase de desenvolvimento, mas quando for finalizado será distribuído gratuitamente, podendo ser encontrado para Android, BlackBerry, iOS e Windows Phone. O jogo promete uma experiência de jogo dinâmica que não se pareça com um jogo educativo, o que deverá ser um atrativo a mais para os jogadores, segundo os produtores da 4 Made Solutions Mobile, desenvolvedora do Mini Aprendiz.

Essa experiência é o ponto chave do sucesso dos jogos educativos, de acordo com o professor da área de Tecnologia da Universidade de São Paulo (USP), Romero Tori.

“Se o aluno se sentir atraído pela jogabilidade, pela experiência em jogo, ele pode ser usado no processo de aprendizagem”, diz. Para Tori, não é difícil pensar nas tecnologias dos jogos aplicadas ao contexto educacional. “Um bom exemplo é o Kinect acoplado ao Xbox 360. O reconhecimento de gestos pode ser usado para fazer programas que ensinem anatomia. Ao invés do aluno olhar em livros imagens das peças anatômicas, ele pode interagir com os objetos”, destaca. Só de quase “colocar a mão na massa”, a absorção do conhecimento já é melhorada.

Há também os capacetes de realidade virtual, com óculos que projetam imagens de qualquer lugar que o usuário desejar. Segundo Romero Tori, “o professor pode transportar o aluno para as pirâmides do Egito ou para o planeta Marte, se assim desejar. Ou ainda para o mar da costa pernambucana e identificar possíveis problemas nos corais recifenses, por exemplo”, ilustra o professor.

Nem todos os conceitos mudaram

Crianças e adolescentes já são usuários ativos do mundo da internet. Em pesquisa publicada pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic), até junho de 2012, 47% dos entrevistados acessam a internet quase todos os dias. Do total, 38% usam computadores de mesa, que compartilham com a família, e 21% utilizam smartphones para o mesmo fim. Esses números vêm da liberdade de acesso a diferentes tipos de conteúdos na rede mundial de computadores.

Dependendo de como for usada, essa abertura pode ser positiva para a formação desses jovens, segundo o desenhista, músico e ator Daniel Azulay, conhecido nas gerações das décadas de 70 e 80 pelo programa infantil “A Turma do Lambe-Lambe”. “Crianças e adolescentes ganharam em termos de informação. Por ter contato mais fácil com várias áreas do conhecimento, eles crescem mais inteligentes e bem informados”, destacou o desenhista, que também palestrou no XI Congresso Internacional de Tecnologia na Educação.

Ainda segundo ele, os benefícios não dispensam os pais de terem cuidado na hora de deixar a garotada na frente do computador. “As crianças acessam a internet principalmente para manter contato com amigos. Mas há a possibilidade de pessoas mal intencionadas usarem da inocência dessas crianças para cometer abusos, como o bullying, agressões sexuais e chantagens, e a exposição a conteúdos inadequados, como a pornografia”, alertou Azulay, que curiosamente cumpriu o papel de informar a garotada hoje na faixa dos 30 a 40 anos, em um tempo onde a tecnologia passava longe do dia a dia dos pequenos.

Azulay diz que “as crianças devem ser monitoradas mais ainda na era digital. Esses dispositivos devem estar posicionados em lugares abertos na casa, como uma sala de estar, onde os mais velhos possam acompanhar de perto quais assuntos as crianças visualizam”, sempre a dica.

Os videogames também influenciam na educação dos pequenos. “As crianças não tinham tanta dependência de jogos eletrônicos. Eram muito comuns brincadeiras que prezassem pelo contato direto, tradicional”, diz Azulay. Para ele, “é preciso ter cuidado principalmente com jogos que incitem comportamentos violentos e discursos de ódio.
Preservar a inocência é importante para que a criança cresça com uma mente saudável”, lembra o artista.