Internet pode ganhar novos domínios
Valor Online - 19/08/2010 - [ gif ]
Autor: Ana Luiza Mahlmeister
Assunto: Domínios
A Internet Corporation for Assigned Names and Numbers (Icann), entidade que administra mundialmente os registros de domínios da internet, planeja abrir em breve a possibilidade de as empresas registrarem novos nomes na rede mundial. O órgão prepara um guia de normas, ainda sem data para ser divulgado, para renovar os nomes de domínio de primeiro nível (".com", ".net", ".org", etc), que hoje somam apenas 22 e limitam a expansão dos negócios na internet.
A entidade ainda não tem previsão de quantos pedidos vai receber com as novas regras, afirma a diretora de produtos e serviços da Icann, Karla Valente. O projeto é ampliar de forma ilimitada o número de domínios genéricos de primeiro nível ou gTLDs (generic Top-Level Domain), o nome que vem depois do ponto (com, org etc), sem incluir os nomes de países, regidos por outras regras.
O guia dos novos domínios vai permitir que empresas se candidatem a qualquer palavra na rede mundial como www.cocacola, www.aspirina, www.noticias, www.natureza ou www.futebol, por exemplo. Também está em estudos os domínios de comunidades como www.tupi, marcas de empresas e setores como www.bancos ou www.comercio, produtos e entidades. A Icann tem sido muito procurada por empresas da área ambiental que reivindicam o ".eco", ".natureza" e ".green"; e também da área financeira para ".fund" e ".banco".
"Isso aumenta muito a complexidade da administração dos novos domínios, que podem chegar às centenas e até milhares", afirma Karla. Até março, foram registrados 193 milhões de nomes de domínios de primeiro nível, com um crescimento de 11 milhões ante o primeiro trimestre do ano passado.
Os registros de domínios ".com" e ".net" totalizaram aproximadamente 8,1 milhões durante o trimestre, representando uma média de aproximadamente 2,7 milhões de novos registros por mês. Isso representa um crescimento de 10% frente ao quarto trimestre de 2009, segundo a Verisign, empresa que administra os registros com e net. As maiores bases de nomes de domínio no trimestre foram ".com", ".de" (Alemanha), ".net", ".cn" (China), ".uk" (Reino Unido), ".org", ".info", ".nl" (Holanda), ".eu" (União Europeia) e ".ru" (Rússia).
De acordo com as novas regras, para enviar um pedido de domínio ao Icann será necessário ser pessoa jurídica, preencher uma proposta on-line no site da entidade e pagar US$ 185 mil de taxa de análise. Essa candidatura será analisada por vários conselhos internos, seguindo para consulta pública para manifestação de outras empresas ou entidades. Caso haja oposição, há outras taxas de defesa do domínio.
Uma vez aprovado, o interessado pagará uma taxa de manutenção anual de US$ 25 mil. As empresas que pedirem determinado domínio poderão fazer uso dele ou licenciá-lo para outras empresas. "A empresa que detiver ' bancos ' , por exemplo, poderá comercializar o nome para instituições financeiras", diz Karla. No caso de duas empresas pedirem o mesmo domínio, haverá leilão.
Hoje existem 900 empresas registradoras de domínios (as chamadas "registrars") no mundo, sendo que a mais famosa é a Verisign (dona do ".com" e ".net"), com 70% do mercado. No Brasil, o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto br (Nic.br) administra os domínios locais, com 2,1 milhões de nomes registrados. Demi Getschko, diretor-presidente do Nic.br, vê pouca pressão do público local na Icann para a abertura de novos nomes de domínios. "Vai aumentar a complexidade da administração das marcas e também o custo. Uma indústria farmacêutica, por exemplo, teria que pedir nomes de domínios para todos os seus produtos para proteger a marca", afirma o executivo.
Neste mês, o Nic.br criou o ".emp.br" para pequenas empresas, baixando o custo do registro do domínio para micronegócios. Ao facilitar o trâmite burocrático do registro, a entidade espera atrair mais de 2 milhões de pequenas empresas para o novo domínio.