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09 MAR 2000

Internet gratuita facilita ação de hacker






Arquivo do Clipping 2000

Veículo: Folha de  S. Paulo
Data: 09/03/2000
Assunto: acesso gratuito

Conclusão baseia-se em testes de simulação de invasão realizados por comitê do governo federal

Abnor Gondim
da Sucursal de Brasília

O Comitê Gestor da Internet no Brasil constatou que provedores de acesso gratuito impossibilitam a identificação dos invasores de sites, os hackers, por permitir o uso de nome e senha acessíveis a todos os usuários.

Órgão ligado aos ministérios da Ciência e Tecnologia e das Comunicações, o comitê comprovou também que alguns dos oito provedores gratuitos em operação no país desde o início deste ano não possuem cadastro confiável de seus usuários, aceitando informações falsas. Essas conclusões são baseadas em testes de simulação de invasão feitos pelo conselheiro José Luiz Ribeiro Filho, encarregado pelo comitê de testar os provedores gratuitos. Ele ficou incumbido também de verificar problemas semelhantes em provedores gratuitos instalados no exterior.

Segundo o comitê, a falta de segurança nos provedores de acesso gratuito representa "uma possibilidade perigosa de uso anônimo da Internet por pessoas mal-intencionadas". "É importante distinguirmos a gratuidade do anonimato", disse o coordenador do comitê, Ivan Moura Campos, de acordo com a assessoria do órgão. "Nossa preocupação não é com o acesso gratuito, mas com a impossibilidade de identificação de quem gerou um ato danoso na Internet."

Os testes mostraram que os provedores aceitaram o registro de usuários que deram datas de nascimento, nomes e endereços inválidos e número de CPF falso. "Os cadastros se mostraram, em grande parte, sem nenhuma utilidade para efeito de ajudar na real identificação dos usuários", informou o comitê.

Outro problema de segurança verificado nos provedores gratuitos foi o uso das chamadas "senhas fracas" (senhas com poucos caracteres), que podem ser facilmente descobertas por invasores.
Os testes dos provedores gratuitos foram apresentados em São Paulo, há duas semanas, durante reunião do comitê. Dele participam representantes dos provedores, dos usuários, dos estudiosos, dos fabricantes e do governo federal.

Na reunião foi decidido também que o comitê fará uma campanha de alerta ao usuário sobre o risco a que se expõe quando utiliza um serviço da Internet sem os requisitos de segurança.
A assessoria do comitê não revelou quais provedores gratuitos foram testados, para evitar o uso da lista por concorrentes.

Dados de um site criado pelos próprios hackers apontam que foram praticados por hackers brasileiros 41 dos 66 ataques ocorridos no mundo de 26 a 29 de fevereiro passado.