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15 SET 2011

Informações de usuário são moeda de troca de provedores com anunciantes






IT Web - 15/09/2011 - [ gif ]
Assunto: Banda Larga

As discussões sobre privacidade em um mundo regido por dados na nuvem trafegam em um limite tênue. Usuários acostumados a encontrar pela internet serviços gratuitos nem sempre têm consciência de que, na verdade, tais ofertas são remuneradas pelo uso comercial de informações pessoais, como perfil e comportamento de navegação.

Para os provedores, que investem na automatização deste processo, a relevância das mensagens publicitárias é suficiente para recompensar os usuários pelo uso de seus dados. Mas há casos, como da Alemanha, em que a valorização da privacidade gerou leis que restringem a captura informações até pelo Google. “É um momento delicado”, diz Eduardo Parajo, presidente do conselho consultivo da “Associação Brasileira dos Provedores de Acesso  (Abranet). “Precisamos equilibrar educação e autorregulamentação, tecnologias de segurança e legislação.”

Parajo participou do painel de debates sobre implicações da evolução da internet em privacidade e comportamento na Futurecom 2011, junto de Renato Pelissaro, diretor de desenvolvimento de mercado do Yahoo Brasil, Marcos Swarowsky, diretor de online e publicidade da Microsoft, e Demi Getschko, diretor do NIC.br. “A base da rede é o acordo entre as partes”, observou Getschko. “Toda a informação está na nuvem. Fotos, mensagens, agenda telefônica. A privacidade depende do comportamento ético e responsável dos provedores.”
Yahoo e Microsoft são exemplos da automação do uso de dados. Segundo Pelissaro, o Yahoo está desenvolvendo tecnologia para entender a navegação do usuário, usá-la de forma dinâmica e inteligente e aplicá-la para melhoria de sua experiência no portal, apresentando conteúdo de forma direcionada – por exemplo, priorizando notícias sobre os temas mais acessados. “No passado, a customização era feita pelo usuário com o MyYahoo. Mas a ferramenta só foi adotada pelo mercado americano”, explicou. A automação, por outro lado, gerou mais de 200% de crescimento em indicadores de engajamento, como tempo nas páginas e número de páginas acessadas no portal.

As redes sociais apoiam a estratégia. O serviço de buscas Bing, da Microsoft, fez parceria com o Facebook para ampliar a relevância de informações apresentadas e priorizar aquelas acessadas também por relacionamentos da rede social. O Yahoo vai pelo mesmo caminho e sugere conteúdos que amigos de usuários logados no Facebook, no Twitter ou em outros grupos estejam vendo também.

Embora a ferramenta de customização de conteúdo, alega Pelissaro, não seja utilizada para publicidade direcionada a indivíduos, dados dos usuários são armazenados por 15 dias e são compartilhados com anunciantes para publicidade direcionada a grupos. “É o modelo misto de sustento da internet. Há quem pague paga ter serviços isentos de publicidade ou com mais recursos. Quem prefere serviços gratuitos tem a publicidade como contrapartida”, diz. Para Swarowsky, os riscos de superexposição são controlados pelas políticas de privacidade, embora ainda não exista cultura entre usuários de entendimento dessa política. “No futuro, serão explorados modelos em que o próprio usuário declara seus interesses para melhorar sua experiência publicitária”, acredita.

De acordo com Parajo, da Abranet, a experiência do código de autorregulamentação do e-mail marketing é um exemplo a ser seguido. “O usuário tem de tomar conhecimento de que o serviço grátis está ancorado em modelo de negócio financiado por publicidade ou outros meios”, avalia.