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04 NOV 2025

IA na educação: por que a China aprende na escola onde o Piauí dá aula


UOL Tilt - 4/11/2025 - [gif]


Autor: Helton Simões Gomes e Diogo Cortiz
Assunto: Inteligência Artificial na educação

A China começou em 2025 a implantar uma política nacional para ensinar inteligência artificial a crianças a partir dos 6 anos. Desta vez, o país está atrasado. O Piauí já dá aulas de IA nas escolas estaduais desde o começo de 2024.

O projeto brasileiro virou referência internacional ao ensinar IA de forma adaptada à realidade local. No estado brasileiro, a metodologia mistura computadores e métodos tradicionais, como lousa e cartolina.

A China tá estudando na escola em que o Piauí, o estado brasileiro lá do Nordeste, tá dando aula, cara. A gente fala muito da China aqui e sobre como ela tem injetado na veia a ideia de inovação, inclusive levado para dentro das escolas o ensino de inteligência artificial, mas o Piauí começou isso há mais de um ano.
Helton Simões Gomes

O movimento chinês chama atenção pelo alcance: o objetivo não é formar programadores mirins, mas educar cidadãos críticos, capazes de entender como e quando usar a tecnologia.

Atiçou a atenção do cenário global de educação essa nova política e estratégia da China de inserção de inteligência artificial na educação, porque eles fizeram um grande plano para ensinar inteligência artificial a partir dos 6 anos.
Diogo Cortiz

Desde pequenas, as crianças são orientadas a entender os limites e possibilidades da tecnologia, evitando enxergar a IA como um oráculo infalível.

O programa Piauí Inteligência Artificial, criado pelo Estado em parceria com o Instituto Federal Farroupilha e as universidades federais do Pampa (Unipampa) e do Rio Grande do Sul (UFRGS), leva conceitos como o funcionamento de algoritmos para alunos a partir do 9º ano do Ensino Fundamental.

Para entender como tudo funciona, Deu Tilt conversou com Amanda de Souza, professora do CETI (Centro de Ensino de Tempo Integral) Paulo Freire, de Guaribas, cidade a 653 km da capital Teresina.

Amanda dá aulas de biologia, mas desde o ano passado assumiu também o ensino de IA. Ela conta que ensina conceitos técnicos usando aspectos da realidade dos alunos. Para que compreendessem o que é árvore de decisão, um dos mecanismos por trás das escolhas da IA, ela pediu para classificarem os animais da caatinga conforme suas características físicas.

A atividade usou cartolina, tesoura e cola, porque, como conta a professora, nem tudo requer o uso de equipamentos para ser ensinado. Todos os professores vão para as salas já com um plano B, caso a internet não funcione, diz ela. Na escola dela, porém, há um laboratório equipado, com computadores e internet. O desafio é o número de máquinas ?há uma turma com 42 anos para 25 PCs. Ao todo, ela ensina 235 estudantes.

A IA é algo que não dá para fugir e cabe a nós nos adaptarmos. Principalmente essa geração de nativos digitais. Aí cabe ao professor alcançar essa onda. Tem muitos colegas que pensam que a IA pode nos substituir. Não vejo dessa forma. Vejo a IA como aliada para por exemplo construir um plano de aula, para me poupar horas e horas.
Amanda Souza, professora da rede estadual de ensino do Piauí

O programa do Piauí se apoia em dois pilares:

  • pensar com IA, usando criticamente as ferramentas;
  • pensar sobre IA, refletindo sobre impactos éticos do que é feito.

Os professores lidam com esses dois temas. Pensar com o IA é, de alguma forma, interagir com a ferramenta e pensar em que momentos do aprendizado aquele serviço pode entrar sem comprometer a formação de conhecimento. O pensar sobre IA é como você vê os impactos positivos e negativos da IA e tem um pensamento crítico, que é mais ou menos o que a China está fazendo
Helton Simões Gomes

O projeto do Piauí já alcançou 90 mil alunos em 540 escolas. Devido ao alcance e ineditismo, foi premiado pela Unesco como uma das principais iniciativas de transformação tecnológica na educação. Para Diogo, o reconhecimento internacional mostra o potencial de modelos adaptados à realidade local e pode inspirar outros países.

É uma iniciativa tão importante que foi reconhecida inclusive com o Prêmio Global da própria Unesco, que entre 86 iniciativas de diferentes países, escolheu essa do Piauí como uma das vencedoras, justamente por esse processo de transformação a partir da tecnologia.
Diogo Cortiz

4% das crianças falam de emoções com IA, e Brasil define idade para ChatGPT

O uso de inteligência artificial por crianças pequenas e adolescentes desafia pai, mães, escolas e governos de todo o mundo. Nos Estados Unidos, 20% dos jovens estudantes de Ensino Médio já se relacionam amorosamente com a IA, um fenômeno que começa a ser visto no Brasil entre crianças pequenas.

Nesse novo episódio de Deu Tilt, eu e Diogo Cortiz explicamos por que a onda de uso da IA acendeu o alerta entre países e como o Brasil segue a tendência global para estipular uma idade adequada para uso dessas plataformas.

Enquanto adultos tentam entender o que muda com a IA, crianças e adolescentes já usam a tecnologia para conversar sobre emoções e até para criar laços românticos. A pesquisa TIC Kids, do Nic.br, mostra que, no Brasil, 65% dos jovens de 9 a 17 anos já usam IA; entre as crianças de 9 a 10 anos, 4% já usam IA para falar de sentimentos.

China briga com aliado dos EUA e mostra poder de parar mundo da tecnologia

A disputa entre China e Estados Unidos escalou ao ponto de ameaçar cadeias globais de tecnologia. A rivalidade já impõe gargalos a cadeias globais de indústrias como a automobilística e a de eletrônicos.

Considerando apenas a tecnologia, o impasse começou quando os EUA proibiram a exportação de chips avançados da Nvidia para a China, decisão revertida após pressão do CEO da empresa, Jensen Huang. A China respondeu limitando a exportação de terras raras, minerais essenciais para carros elétricos, celulares e armamentos.

A China tem a maior reserva, ela tem o maior processamento, ela processa 90% das terras raras porque ela tem a tecnologia de processamento desse tipo de material. Os Estados Unidos não tem, o resto do mundo não tem, e agora o que a China fez é fechar a torneirinha da tecnologia que também processa e exporta isso. Então esse é o grande xeque-mate que a China deu no jogo geopolítico da tecnologia, que fez o Donald Trump reagir e falar, vou tarifar 100% de tarifa agora, se a gente não resolver isso começa em dezembro.
Diogo Cortiz

Essa startup quer transformar seus dados em dinheiro; vale a pena?

O tempo que você passa em redes sociais e aplicativos está virando ouro para as empresas, mas não para você. Só que a Drumwave, uma startup criada por um brasileiro no Vale do Silício, promete pagar usuários pelos dados que geram no dia a dia digital.

A Drumwave chega ao Brasil com uma proposta ousada: criar carteiras digitais de dados, onde cada usuário armazena certificados de suas interações ?como pedidos no iFood? e pode licenciar essas informações a terceiros.

A startup usa a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) como base para permitir que as pessoas peçam seus dados de volta às companhias que os armazenam. A partir daí, é que podem passar a receber por eles.

DEU TILT

Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana completo.