Workshop Brasil-China pratica e discute rumos da computação quântica

Oficina do CGI.br usou computadores de 100 qubits da China Electronics Technology Group

O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), em parceria com a China Electronics Technology Group Corporation (CETC), realizou na sede do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), em São Paulo, o workshop “Capacitação em Computação Quântica – Brasil-China”. O evento reuniu especialistas dos dois países com o objetivo de impulsionar o desenvolvimento brasileiro na área e seus impactos em segurança cibernética, saúde e inteligência artificial.

O encontro promovido pelo CGI.br e CETC incluiu palestras, debates e atividades práticas na plataforma quântica desenvolvida pelo Suzhou Quantum Center, braço de inovação da CETC. Os participantes tiveram acesso remoto a simuladores e computadores quânticos chineses com capacidade de até 100 qubits – unidade básica de processamento quântico.

Um dos focos do workshop foi o risco que a computação quântica representa para os atuais sistemas de criptografia, como RSA e ECC, amplamente usados em protocolos de segurança online. “A evolução dessa tecnologia pode tornar vulneráveis mecanismos essenciais para a proteção de dados, como HTTPS, VPNs e blockchain”, explicou Felipe Silva Bellucci, coordenador-geral de Tecnologias Habilitadoras do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação.

Ministrado por pesquisadores do Quantum Science and Technology Yangtze River Delta Industrial Innovation Center, vinculado à CETC, o treinamento destacou a liderança chinesa no setor. “A China está na vanguarda da computação quântica, e essa parceria é fundamental para o avanço tecnológico do Brasil”, afirmou Antonio Moreiras, gerente de projetos do NIC.br.

Durante cinco dias, os participantes trabalharam em casos reais utilizando a plataforma TiangongQS, que permite o acesso a computadores quânticos na China. Moreiras ressaltou que o CGI.br e o NIC.br estão se preparando para a disrupção: “Assim como a inteligência artificial transformou a sociedade, a computação quântica trará mudanças profundas. Queremos garantir que o Brasil não apenas se adapte, mas também participe ativamente desse avanço”.

Segundo o MCTI, o Brasil tem diferentes iniciativas na área, como a criação do Grupo de Trabalho para a Iniciativa Brasileira em Tecnologias Quânticas (IBQuântica-MCTI), o desenvolvimento de laboratórios especializados no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e a implantação do Centro de Competência MCTI-Embrapii em Tecnologias Quânticas, no SENAI Cimatec, na Bahia.