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07 JAN 2004

Fraudes bancárias online crescem na virada do ano






Arquivo - Clipping 2004

07 de janeiro de 2004

Veículo: REUTERS/Terra
Autores: Tiago Pariz e Eduardo Simões

As fraudes bancárias pela Internet cresceram no último trimestre do ano passado e continuam incomodando neste início de 2004, atingindo instituições como Banco do Brasil e Itaú. As instituições não revelam o número de correntistas afetados nem o valor envolvido.

As fraudes eletrônicas ocorrem quando os correntistas recebem supostos e-mails das instituições oferecendo promoções e prêmios. Eles são convidados a entrar num site clonado do banco e a digitar todos os dados da conta corrente. Geralmente os sites são cópias imprecisas e o endereço eletrônico é usado em páginas que oferecem hospedagem gratuita.

Os bancos aconselham aos clientes tomar uma série de cuidados se receberem esse tipo de mensagem. O Banco do Brasil informa que nunca manda e-mails não requisitados pelos correntistas e o Itaú aconselha a observar se a suposta página do banco contém o nome do cliente.

"O banco sempre alerta: nós não enviamos e-mail para os clientes sem sua expressa autorização. Pedimos que nunca coloquem os dados, e se receberem esse tipo de mensagem, liguem para o BB Responde", afirmou o Banco do Brasil através de sua assessoria de imprensa.

Os dois bancos informaram que os casos de fraude são estudados e, dependendo das características, os clientes são ressarcidos. As instituições afirmam que as fraudes não são ataques de hackers e que seus sistemas de segurança são seguros.

Crackers em todo lado

As ações de crackers afetam tanto o setor privado quanto o público. Segundo dados da Polícia Federal, algumas entidades federais sofrem de 300 a mil tentativas de ataques por dia.

De acordo com especialistas, a principal arma para evitar que essas tentativas sejam bem sucedidas é a eliminação de falhas de segurança nas redes.

"A maioria das informações privilegiadas não é obtida com o rompimento da segurança, mas sim com a exploração de algumas vulnerabilidades", disse o perito da Polícia Federal e diretor da Associação dos Peritos Criminais Federais, Jurilson Rodrigues. "(Os crackers) ficam testando, procurando alguma falha e, se eles conseguirem, aproveitam para ingressar no sistema."

Tudo indica que eles também buscam vulnerabilidades nas redes das grandes empresas brasileiras, embora a maioria delas não goste de comentar o assunto. Para se ter uma idéia, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Jorge Armando Félix, disse recentemente que a Embraer é a empresa líder no ranking de tentativas de ataques.

Na ocasião, Félix também citou a Companhia Vale do Rio Doce e a Petrobras. Somente a Vale aceitou comentar o assunto, mas se limitou a dizer que seus sistemas de segurança "funcionam muito bem".

Uma das poucas fontes de dados sobre o assunto é o NBSO, grupo mantido pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil e que é responsável por receber, analisar e responder a incidentes de segurança na Internet brasileira.

O NBSO recebeu 34.776 notificações de incidentes de segurança na Internet brasileira até setembro de 2003, dado mais recente fornecido pela entidade, que tem levantamentos trimestrais. Trata-se de um grande crescimento se comparado com 2002, quando 25.092 incidentes foram reportados em todo o ano.

Para a analista de segurança sênior do grupo, Cristine Hoepers, uma parte significativa dos ataques é realizada por hackers pouco experientes que têm em mãos ferramentas sofisticadas.