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13 AGO 2025

Felca toma frente do debate sobre "adultização" de crianças nas redes sociais


Mix Vale - 12/8/2025 - [gif]


Assunto: Segurança de crianças e adolescentes na Internet

Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca, youtuber e humorista de 27 anos, participará do programa “Altas Horas”, apresentado por Serginho Groisman, na TV Globo, nesta terça-feira, 12 de agosto de 2025, com exibição marcada para sábado, 16 de agosto. A gravação abordará o vídeo viral publicado por ele em 6 de agosto, que já acumula mais de 31 milhões de visualizações no YouTube, denunciando a “adultização” e a exploração de menores em conteúdos na internet. O material expõe casos de crianças e adolescentes submetidos a situações constrangedoras ou sexualizadas para gerar engajamento e lucro nas redes sociais. A denúncia gerou grande repercussão, resultando na suspensão de perfis de influenciadores e na abertura de investigações pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB). Além disso, o impacto do vídeo chegou ao Congresso Nacional, onde projetos de lei sobre proteção infantil no ambiente digital foram pautados com urgência.

A participação de Felca no programa ocorre em um momento de mobilização nacional sobre o tema. Ele compartilhará o palco com nomes como Xamã, Gloria Groove, Fabio Porchat, Caco Barcellos e Paolla Oliveira, ampliando a visibilidade da discussão. O vídeo, que não foi monetizado, detalha casos específicos, como o do influenciador Hytalo Santos, investigado desde 2024 por suposta exploração de menores.

  1. Casos citados no vídeo: Hytalo Santos, canal “Bel para Meninas” e Caroline Dreher.
  2. Repercussão: Suspensão de perfis no Instagram e abertura de inquéritos.
  3. Ações judiciais: Felca processou 233 perfis por difamação após acusações infundadas.
  4. Impacto político: Projetos de lei contra a adultização ganharam prioridade na Câmara.

A presença de Felca na TV Globo marca um novo capítulo na luta contra a exploração infantil online, com reflexos em investigações policiais e no debate legislativo.

Denúncia que chocou o Brasil

O vídeo de quase 50 minutos publicado por Felca detalha como influenciadores utilizam crianças e adolescentes em conteúdos inadequados, muitas vezes com conivência de responsáveis. Ele aponta exemplos de “adultização”, termo usado para descrever a exposição de menores a comportamentos adultos, como danças sensuais ou situações constrangedoras. Um dos casos destacados envolve Hytalo Santos, que, segundo o youtuber, lucra com a imagem de menores, incluindo a adolescente Kamyla Santos, de 17 anos, em conteúdos sensuais. O MPPB já investigava Santos desde 2024, após denúncias recebidas pelo Disque 100, canal nacional de proteção infantil.

Após a publicação, as contas de Hytalo e Kamyla Santos no Instagram foram desativadas, embora não haja confirmação se a remoção foi voluntária ou ordenada pela plataforma ou pela Justiça. Felca também destacou o canal “Bel para Meninas”, onde a menor Bel Peres aparece em vídeos considerados vexatórios, como sendo forçada a experimentar bebidas que a faziam sentir enjoo. Outro caso mencionado é o de Caroline Dreher, associado à suposta venda de conteúdo íntimo por menores, prática que Felca classificou como alarmante.

A denúncia de Felca não apenas expôs casos específicos, mas também criticou os algoritmos das redes sociais, que, segundo ele, amplificam conteúdos inadequados para atrair engajamento. Ele entrevistou uma psicóloga no vídeo para explicar os danos emocionais e psicológicos da exposição precoce de menores, reforçando a gravidade do problema.

Reações no Congresso Nacional

A repercussão do vídeo de Felca ultrapassou as redes sociais e chegou ao Congresso Nacional. O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou em 10 de agosto de 2025 que pautará projetos de lei para proteger crianças e adolescentes no ambiente digital. Um dos textos mais avançados é o PL 2688/2022, de autoria do senador Alessandro Vieira (MDB-SE), já aprovado no Senado. O projeto prevê medidas como:

  • Remoção imediata de conteúdos de exploração sexual infantil sem ordem judicial.
  • Verificação de idade para bloquear acesso de menores a materiais pornográficos.
  • Proibição de “caixas de recompensa” em jogos online voltados para crianças.
  • Restrição de publicidade direcionada a menores.

Parlamentares de diferentes espectros políticos, como a deputada Erika Hilton (PSOL-SP) e a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), manifestaram apoio à causa. Hilton acionou a Justiça e a Polícia Federal para aprofundar as investigações, enquanto Alves defendeu a criação de uma “Lei Felca” para criminalizar a adultização. No entanto, líderes da oposição, como Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), alertaram contra possíveis dispositivos no projeto que possam ser interpretados como censura, prometendo obstruir a votação se necessário.

O debate legislativo ganhou força com a apresentação de pelo menos sete propostas na Câmara após o vídeo, abordando desde a definição do termo “adultização” até medidas preventivas contra a sexualização precoce. A urgência do tema reflete a crescente preocupação com a segurança de menores no ambiente digital.

Impacto nas redes e investigações policiais

A denúncia de Felca desencadeou ações concretas. Além da suspensão de perfis citados, investigações policiais foram intensificadas. Em 11 de agosto de 2025, a Polícia Civil de São Paulo deflagrou a operação “NIX – Oculus Legis”, que investiga uma quadrilha envolvida na venda de pornografia infantil online e ameaças a autoridades. A ação, que resultou na prisão de dois adultos e na internação de três adolescentes, foi realizada em São Paulo, Paraíba, Paraná e Pernambuco, indicando a amplitude do problema.

O Ministério Público da Paraíba informou que dois promotores, um de Bayeux e outro de João Pessoa, conduzem inquéritos contra Hytalo Santos. As investigações, iniciadas antes do vídeo de Felca, ganharam novo fôlego com a repercussão. A promotoria de Maricá (RJ) também atua em um caso relacionado ao canal “Bel para Meninas”, que tramita em segredo de justiça.

Felca, por sua vez, enfrentou retaliações. Ele processou 233 perfis na plataforma X por difamação, após ser acusado de consumir conteúdos de exploração infantil. As acusações surgiram porque ele seguiu perfis de menores durante a apuração para o vídeo. Em resposta, o youtuber propôs que os réus doem R$ 250 a instituições de proteção infantil e publiquem retratações públicas para evitar processos.

Ameaças e segurança pessoal

A exposição do tema trouxe consequências pessoais para Felca. Em entrevista ao podcast PodDelas, ele revelou que passou a andar com carro blindado e seguranças em São Paulo, onde mora, devido a ameaças recebidas. As intimidações começaram após ele criticar influenciadores envolvidos com apostas esportivas, mas se intensificaram com o vídeo sobre adultização.

  • Medidas de proteção: Uso de carro blindado e contratação de seguranças.
  • Ameaças recebidas: Relacionadas a críticas a apostas e à denúncia de exploração.
  • Resposta judicial: Ações contra difamadores e proposta de doações como alternativa.
  • Apoio público: Figuras como Felipe Neto e Nikolas Ferreira elogiaram a iniciativa.

Felca afirmou que as ameaças não o intimidarão e que está preparado para enfrentar processos judiciais, mantendo o compromisso com a verdade. Ele destacou que o vídeo levou cerca de um ano para ser produzido, com apuração cuidadosa para garantir a veracidade das denúncias.

Papel das plataformas digitais

A discussão levantada por Felca também colocou em xeque o papel das plataformas digitais. Especialistas, como Renata Mielli, coordenadora do Comitê Gestor da Internet no Brasil, criticam a falta de regulação efetiva para proteger menores. Os algoritmos, segundo ela, priorizam engajamento, mesmo que isso signifique promover conteúdos inadequados. João Francisco Coelho, advogado do Instituto Alana, reforçou que as redes sociais criam um ambiente propício à violência contra menores, exigindo maior transparência e responsabilidade das empresas.

A juíza Vanessa Cavalieri, da Vara da Infância e Juventude do Rio de Janeiro, alertou que a internet é um espaço público e perigoso, comparando a exposição de fotos de crianças a distribuí-las para estranhos na rua. Ela destacou a importância do PL 2688/2022, que impõe regras para plataformas, aplicativos e jogos online, incluindo controle parental e restrições à publicidade infantil.

  • Problemas apontados: Algoritmos que promovem conteúdos inadequados.
  • Soluções propostas: Regulação, transparência e controle parental.
  • Riscos destacados: Facilitação de crimes como exploração sexual.
Mobilização social e cultural

A participação de Felca no “Altas Horas” reflete o impacto cultural de sua denúncia. O programa, conhecido por abordar temas relevantes com um tom acessível, oferece uma plataforma para ampliar o debate. A presença de figuras como Paolla Oliveira e Fabio Porchat no mesmo episódio sugere um esforço para conectar o tema a diferentes públicos, aumentando a conscientização.

A mobilização também ganhou força nas redes sociais, com influenciadores como Rafa Brites manifestando apoio. Brites revelou que deixou de compartilhar fotos de seus filhos online após refletir sobre os riscos de exposição. O apoio de figuras públicas e a pressão popular reforçam a demanda por mudanças legislativas e maior responsabilidade das plataformas.

O vídeo de Felca também reacendeu discussões sobre casos anteriores, como o do canal “Bel para Meninas”, que já enfrentava ações judiciais. A repetição de padrões de exploração evidencia a necessidade de medidas preventivas e punitivas mais rigorosas.

Caminho para mudanças legislativas

O PL 2688/2022, em tramitação na Câmara, é visto como um marco potencial na proteção de menores online. Além das medidas já mencionadas, o projeto exige que empresas de tecnologia adotem ações para mitigar conteúdos perigosos, como os relacionados a violência, assédio ou exploração sexual. A proposta também aborda os impactos psicológicos da exposição precoce, como transtornos de saúde mental e vícios em redes sociais.

Parlamentares destacam que a regulamentação não deve ser confundida com censura, mas sim com a proteção de um público vulnerável. A oposição, no entanto, insiste em avaliar o texto para evitar restrições a manifestações políticas legítimas. A votação, prevista para esta semana, pode definir o futuro da segurança digital para crianças e adolescentes no Brasil.

Próximos passos na luta contra a exploração

A denúncia de Felca marcou um ponto de inflexão no debate sobre a proteção infantil na internet. A combinação de visibilidade nas redes, ações judiciais e pressão legislativa criou um momento único para mudanças. Organizações como a Safernet, que registrou um aumento de 77% nas denúncias de exploração sexual infantil online em 2023, reforçam a urgência do tema.

A sociedade civil também desempenha um papel crucial. Canais como o Disque 100 e aplicativos como o Sabe, do Ministério dos Direitos Humanos, facilitam denúncias anônimas e seguras. Conselhos tutelares e ONGs, como o Instituto Alana, continuam a orientar famílias sobre os riscos da exposição online.

  • Canais de denúncia: Disque 100, aplicativo Sabe e conselhos tutelares.
  • Apoio institucional: Safernet e Instituto Alana na luta contra a exploração.
  • Pressão social: Crescente demanda por regulação e proteção infantil.

A participação de Felca no “Altas Horas” promete manter o tema em evidência, incentivando ações concretas para proteger crianças e adolescentes no ambiente digital.