NIC.br

Ir para o conteúdo
14 JUL 2022

Falta de dispositivos e acesso à Internet ainda afetam alunos de escolas públicas


DPL News - 12/7/2022 - [gif]


Autor: Mirella Cordeiro
Assunto: TIC Educação

Os maiores desafios para os professores continuarem as atividades pedagógicas em 2021, segundo ano de pandemia, foram a dificuldade dos pais e responsáveis dos alunos para apoiá-los nas atividades escolares, apontada por 95% dos professores da rede pública e 88% da rede particular, e a defasagem na aprendizagem dos estudantes, mencionada por 95% dos educadores da rede pública e por 84% da rede particular.

No caso das escolas públicas, a falta de dispositivos e acesso à Internet nos domicílios dos alunos foi mencionada por 91% dos professores.

O principal recurso utilizado para reforçar o conteúdo foi uma combinação de aulas de recuperação presenciais e remotas com o uso de tecnologias digitais, apontado por 58% dos educadores, com destaque para a rede estadual (68%) e particular (64%). O número mostra que os recursos tecnológicos continuam tendo um papel importante na educação, mesmo com parte das atividades presenciais.

Os dados são da TIC Educação 2021, organizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br). A pesquisa foi feita com professores de Ensino Fundamental e Médio de escolas públicas e particulares de setembro de 2021 a maio de 2022. No início do estudo, ainda havia restrições de funcionamento em grande parte das instituições de ensino.

Recursos utilizados no ensino remoto

Cerca de 91% dos educadores responderam que as atividades nos 12 meses anteriores à pesquisa foram feitas de forma híbrida híbrida, 39% na modalidade remota e 12% na modalidade presencial.

Quando as aulas eram oferecidas de forma remota ou híbrida, as escolas particulares se destacaram no uso de recursos digitais online, como plataformas de videoconferência, ambiente ou plataforma virtual de aprendizagem e transmissão ao vivo de aulas. Nas escolas municipais e estaduais, materiais didáticos impressos e aulas gravadas em vídeo foram mais utilizados.

Vale pontuar que existe uma diferença na utilização de recursos digitais nas escolas de responsabilidade dos estados e municípios. Enquanto 82% dos professores da rede estadual usaram plataformas de videoconferência ou ambiente virtual de aprendizagem, apenas 54% dos educadores da rede municipal de ensino o fizeram.

Comunicação com os alunos

Os professores consultados pela pesquisa tiraram dúvidas dos alunos por meio do envio das atividades impressas preenchidas pelos estudantes (95% da rede municipal, 96% da rede estadual e 86% da rede particular) e por aplicativos de mensagens instantâneas (95% da rede municipal, 95% da rede estadual e 76% da rede particular).

O telefone se destacou na rede municipal, em que 93% dos professores utilizaram o sistema de comunicação. A telefonia também foi solução para 91% dos educadores das escolas rurais. O número não espanta, já que boa parte das zonas rurais sofre com a falta de conectividade ou a conectividade precária.

Dados de junho da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) mostram que apenas 42,55% dos moradores da zona rural têm cobertura 4G, por exemplo.

O telefone celular foi utilizado por 93% dos professores na realização das atividades educacionais remotas ou híbridas, sendo que 12% dos professores que lecionam em escolas rurais disseram ter usado exclusivamente o celular para o trabalho. O computador portátil foi mencionado por 84% dos educadores e o computador de mesa, por 44%.

Uso da Internet na escola

A maior parte dos professores da rede pública informou que o número insuficiente de computadores por aluno dificulta muito a utilização de tecnologias da informação e comunicação na escola. O empecilho foi apontado por 82% dos educadores da rede municipal e estadual. A avaliação "dificulta muito" cai para 49% entre os professores da rede particular.

A baixa velocidade de conexão à Internet é outro fator apontado que dificulta muito o uso de recursos tecnológicos na instituição de ensino, apontado por 72% dos educadores da rede municipal, por 73% da rede estadual e 54% da rede particular.

Ou seja, não basta conectar as escolas públicas, também é necessário fornecer dispositivos para as instituições.

A TIC Educação 2021 revelou que, nas atividades presenciais ou híbridas, 62% dos professores usaram o celular para realizar atividades educacionais na escola. Outros 58% usaram computador portátil, nesse caso, a rede particular de ensino se destacou com 66% dos educadores apontando terem usado notebook.

No total, 77% dos professores acessaram a Internet em pelo menos um dispositivo para o seu trabalho. Mas a utilização de tecnologia diminui entre os alunos: 48% não utilizaram dispositivos para realizar atividades educacionais e 40% usaram o telefone celular.

Para Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br, a falta de conectividade é um dos principais problemas que impede o maior uso das tecnologias nas escolas. Mas os especialistas do Cetic.br acreditam que as perspectivas para o futuro são melhores com o leilão do 5G e o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), por exemplo, que destinam recursos para esse objetivo.

Daniela Costa, coordenadora da TIC Educação, acredita que este é um momento especial. "Temos novas políticas, como a Política de Inovação Educação Conectada (Piec), e perspectivas do investimento na conectividade das escolas. Essa atenção da sociedade em relação ao uso das tecnologias nas escolas pelos professores vai trazer grandes benefícios para a comunidade escolar e para uma educação mais qualitativa".