Envio de spam disparou em janeiro e passou de 286 mil mensagens no país
Arquivo do Clipping 2006
Veículo: O Globo Online
Data: 14/02/2006
Assunto: Antispam.br
Henrique Faulhaber, conselheiro do Gestor de Internet no Brasil, disse que de 80% a 90% das mensagens que chegam por e-mail são identificadas como spam, trazendo um grande prejuízo aos usuários.
Esse percentual é bem maior do que a média mundial, de 67,25%, segundo dados de junho de 2005 da MessageLabs, empresa que presta serviço de controle de mensagens de correio eletrônico.
- Para evitar prejuízos, as empresas e as administradores de rede precisam se atualizar sobre essa questão no Brasil. Existe um esforço grande dos provedores brasileiros em diminuir o recebimento de spam - disse Faulhaber.
Segundo o Spamhaus, órgão inglês que cuida de coibir spam, em junho de 2005, 70% das mensagens não solicitadas eram enviadas por computadores invadidos. Na época, existiam mais de 4 milhões de máquinas infectadas.
Faulhaber explicou que a chegada de muitos e.mails em um computador não significa necessariamente a prática de spam, mas é preciso ficar atento pois existem muitas fraudes nas mensagens enviadas pelo e.mail.
- Minha dica é a preservação do endereço do e-mail e diferenciar, inclusive, o e-mail profissional do pessoal. É difícil julgar uma mensagem pelo conteúdo. Assim, é preciso cuidado. Os prejuízos são grandes, bilhões de dólares - disse Faulhaber.
Nesta terça-feira, o Comitê Gestor de Internet no Brasil lançou um site ( www.antispam.br ) para orientar os usuários de internet. Os técnicos do cgi.br explicam que o spam tem sido amplamente utilizado como veículo para disseminar esquemas fraudulentos, que tentam induzir o usuário a acessar páginas clonadas de instituições financeiras ou a instalar programas maliciosos, projetados para furtar dados pessoais e financeiros.
Para cada spam recebido, o usuário necessita gastar um determinado tempo para ler, identificar o e-mail como spam e removê-lo da caixa postal. Independente do tipo de acesso à internet utilizado, quem paga a conta pelo envio do spam é quem o recebe.
Por exemplo, para um usuário que utiliza acesso discado à internet, cada spam representa alguns segundos a mais de ligação que ele estará pagando. No trabalho, além de aumentar o tempo dedicado à tarefa de leitura de e.mails, existe a chance de mensagens importantes serem apagadas por engano ou lidas com atraso.
Para não ser pego de surpresa no recebimento de um spam é preciso saber como ele chega. Por exemplo, alguns cabeçalhos são suspeitos. Eles aparecem incompletos sem o remetente ou o destinatário. É preciso ficar atento quando aparecem apelidos ou nomes genéricos (tais como amigo@ ou suporte@).
De acordo com o site da cgi.br, a omissão do destinatário é um dos casos mais comuns, pois, os spammers colocam listas enormes de e-mails no campo reservado para Cópias Carbono Ocultas ou Blind carbon copies (Cco: ou Bcc:), já que tais campos não são mostrados ao usuário que recebe a mensagem.
O campo reservado para o assunto do e-mail (subject) também é uma armadilha para os usuários e um artifício poderoso para os spammers. A maioria dos filtros anti-spam está preparada para barrar e-mails com diversos assuntos considerados suspeitos.
No entanto, os spammers adaptam-se e tentam enganar os filtros colocando no campo assunto conteúdos enganosos, tais como vi@gra, em vez de viagra. Os spammers também costumam colocar textos atraentes e ou vagos demais, confundindo os filtros e os usuários.
Marcelo Fernandes, que também é conselheiro do Comitê Gestor, explicou que alguns spams chegam a justificar o abuso alegando que é possível sair da lista de divulgação clicando em um endereço anexo. No entanto, às vezes, o usuário nem mesmo tem o cadastro na lista em questão e ao clicar pedindo a sua exclusão ele acaba confirmando a existência do seu endereço.
De acordo com o cgi.br, também são características de spam os e-mails contendo textos pedindo ajuda financeira, contando histórias assustadoras, pedindo para que sejam enviados a todos que você ama ou, ainda, fazendo ameaças. Deve-se reclamar de spams para os responsáveis pela rede de onde partiu a mensagem.
Fernandes disse que o Brasil é utilizado como 'mula' para o envio de mensagens não solicitadas pelo mundo afora. Ele explicou que pelos computadores brasileiros saem várias mensagens não autorizadas para outros diversos países. Quase sempre, o usuário nem sabe que o seu computador está sendo utilizado para esse fim.
Demi Getschko, conselheiro titular do Comitê Gestor, disse que apesar do grande número de spams saindo do Brasil, o país não é líder mundial na emissão de spams. Ele disse que, segundo uma pesquisa recente, os Estados Unidos lideravam a lista de envio de mensagens não solicitadas. Atrás estavam China, Coréia e Japão.
- O que o usuário reclama hoje de recebimento de spam no Brasil é apenas uma fração na comparação com o resto do mundo. Até porque o nosso número de usuários de internet é bem menor - afirmou Getschko.
Faullhaber disse que o país está na sexta colocação dos que mais enviam spams no mundo, segundo levantamento de uma empresa de antivírus. Segundo ele, o usuário é hoje uma grande vítima da insegurança.
Os representantes do Comitê defenderam uma campanha nacional de esclarecimento sobre o tema. E disseram, principalmente, que os usuários precisam estar atentos para não se transformarem em "spam zombies", que repassam os e-mails não solicitados sem perceber.
