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22 SET 2011

Desigualdade social diminui no Brasil






Jornal A Palavra - 22/09/2011 - [ gif ]
Assunto: Desigualdade Social

A camada considerada pobre, classificação que se refere a famílias com renda per capita, à época, entre R$ 67 e R$ 134, diminuiu de 28 milhões para 18 milhões de pessoas ao longo do período

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 A desigualdade de distribuição de renda no Brasil diminuiu 5,6% e a renda média real subiu 28% entre 2004 e 2009. Os dados foram divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O estudo “Mudanças recentes na pobreza brasileira” traçou um panorama de como as políticas sociais e a valorização do salário mínimo influenciaram os rendimentos de parte mais pobre da população brasileira.

A camada considerada pobre, classificação que se refere a famílias com renda per capita, à época, entre R$ 67 e R$ 134, diminuiu de 28 milhões para 18 milhões de pessoas ao longo do período. Os extremamente pobres, com renda per capita inferior a R$ 67, caíram de 15 milhões para 9 milhões.

Segundo o estudo, o percentual de pessoas com renda mensal igual ou maior do que um salário mínimo per capita – consideradas não pobres – subiu de 29% para 42%. Isso significa que o número de pessoas dessa faixa aumentou de 51,3 milhões para 77,9 milhões no período. Na época do levantamento dos dados, o salário mínimo estava em R$ 465.

Desconexão do trabalho

O Ipea concluiu que, apesar dos programas do Governo, a ascensão social só é possível para famílias beneficiárias que têm outra fonte de renda. “Cada vez menos a pobreza é determinada pela baixa remuneração ao traba- lho, e cada vez mais é determinada pela desconexão do trabalho”, afirmou o pesquisador Rafael Guerreiro Osório, da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais do órgão.

Ainda segundo ele, 29% das famílias extremamente pobres não têm nenhuma conexão com o mercado de trabalho. Entre os pobres, esse percentual é 10%, o mesmo índice identificado na população considerada vulnerá- vel. Na camada de não pobres, o índice cai para 6%.

“A explicação para o fato de haver um índice de 6% para famílias não pobres sem conexão com o mercado de trabalho é a Previdência Social”, justificou Osório, ao citar benefícios como a aposentadoria.

Celulares e internet no combate à pobreza

Um relatório divulgado recentemente pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) aponta que celulares e a internet exercem um papel importante no combate à pobreza no mundo. De acordo com a pesquisa, os governos de veriam adotar políticas públicas voltadas para o desenvolvimento da tecnologia da informação e da comunicação como uma estratégia para reduzir a pobreza mundial.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, destacou a importância da difusão da tecnologia no mundo. “Ante nossos olhos, está se abrindo um novo horizonte em que as novas tecnologias terão uma importância radical, inclusive nos lugares mais remotos. O número de telefones móveis, por exemplo, tem aumentado espetacularmente, inclusive nas regiões em que vive e traba- lha grande parte da população pobre mundial”, disse.

Tecnologia ajudando no trabalho

Segundo o relatório, a tecnologia ajuda a população carente com informações que são vitais para o trabalho, como, por exemplo, saber sobre as condições meteorológicas, pois pode ajudar um agricultor a determinar o melhor momento para a plantação e a colheita.

De acordo com o conselheiro do Comitê Gestor da Internet (CGI.br), Carlos Alberto Afonso, o quadro de tecnologia no Brasil dever ser potencializado. “Um pequeno empreendedor com telefone celular, mesmo que o custo no Brasil (com telefonia móvel) seja um dos mais altos do mundo, pode fazer muita coisa que não podia antes. Isso é que tem que ser potencializado”, declarou.

Segundo Afonso, porém, é importante frisar que somente o uso dessas tecnologias não resolve o problema da pobreza. Para ele, é preciso haver políticas públicas que tornem mais fácil o acesso à informação.

“O cidadão tem que ter acesso à banda larga independentemente do seu nível de renda e classe social. Isso é o que temos que ver no Brasil”, comentou.

Ele disse ainda que uma das soluções para o País seria a criação de uma rede nacional de banda larga, organizada por uma entidade estatal, que ajudasse a reduzir os valores da telefonia móvel no País, que ainda são muito altos.

Perfil da Miséria

A maioria dos brasileiros que vivem em situação de extrema pobreza é negra ou parda, jovem e vive na Região Nordeste. É o que mostra um levantamento feito pelo Governo Federal, com base em dados preliminares do Censo Demográfico de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

De acordo com a Agência Brasil, com base nessas informações, o Planalto esti- pulou que famílias com renda mensal, por pessoa, igual ou inferior a R$ 70 são conside- radas extremamente pobres.

O parâmetro será usado na elaboração do plano “Brasil sem Miséria”, a ser lançado em breve.