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06 JUN 2025

Desigualdade digital desafia inclusão no acesso à Internet em São Paulo


Jornal da USP - 4/6/2025 - [gif]


Autor: Julio Silva
Assunto: TIC Domicílios

Pesquisa do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, em parceria com a Fundação Seade, traçou o perfil das parcelas populacionais com menor acesso às ferramentas digitais

A mais recente edição da pesquisa TIC Domicílios 2024, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação em parceria com a Fundação Seade, traçou um panorama do acesso às tecnologias da informação e comunicação no Estado de São Paulo. Os dados revelam que, em 2024, 81% das residências paulistas tinham acesso à internet e 83% da população era usuária da rede. Apesar dos números expressivos, eles representam uma queda em relação ao ano anterior, quando ambas as taxas estavam em 88%.


Dificuldade de conexão

Segundo a Fundação Seade, o recuo está diretamente ligado à dificuldade das classes com menor renda em arcar com os custos da conexão, além de refletir barreiras educacionais. O acesso individual à internet também apresentou declínio entre usuários com menor escolaridade, acentuando ainda mais a desigualdade digital no Estado.

A pesquisa identificou ainda uma mudança no perfil de acesso à internet: entre 2023 e 2024, aumentou o número de usuários que acessam exclusivamente pelo celular, enquanto diminuiu o uso combinado com computadores. Esse movimento está relacionado à queda da presença de computadores nas residências, o que limita o desenvolvimento de determinadas habilidades digitais, especialmente entre os mais vulneráveis.

No que diz respeito ao uso da internet, 59% dos usuários declararam buscar informações sobre produtos e serviços on-line, enquanto 57% realizam transações financeiras digitais, impulsionadas pela crescente adesão aos bancos on-line e ao Pix. A pesquisa também revela avanços em práticas de segurança: 54% dos usuários afirmaram utilizar senhas fortes e autenticação em duas etapas, e metade demonstra preocupação com a veracidade das informações acessadas, refletindo maior atenção à desinformação e às fake news.

Disparidades

Apesar desses avanços em hábitos de navegação e segurança, os dados reforçam que o tipo de dispositivo utilizado, a classe social e o grau de instrução continuam sendo fatores determinantes para o acesso à internet e ao desenvolvimento de competências digitais. Esse cenário, que se mantém desde a primeira edição da pesquisa, em 2019, indica uma tendência de exclusão digital estrutural.

A Fundação Seade destaca a importância de políticas públicas voltadas para garantir o acesso equitativo às tecnologias de informação e comunicação (TICs), bem como para a formação de habilidades digitais básicas e avançadas. Essas medidas são vistas como essenciais para ampliar a inclusão digital, especialmente em contextos marcados por desigualdades sociais e econômicas.