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28 NOV 2005

Brasil não marca passo quando o assunto é Internet






Arquivo do Clipping 2005

Veículo:AliceRamos.com
Data: 28/11/2005
Autora: Alice Ramos
Assunto: Indicadores

Enquanto lá o mundo discutia quem é o manda-chuva da Internet, aqui, o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI), concluía suas primeiras pesquisas sobre o uso da Internet no país. Participaram da enquete nada menos do que 8.540 domicílios. No release distribuído a imprensa pelo próprio comitê, o coordenador do projeto na entidade Rogério Santanna disse que o objetivo é produzir indicadores que possam auxiliar o governo em seu trabalho de tornar acessíveis as tecnologias. Bem parecido com o objetivo de, me parece, todos que estiveram reunidos na semana passada, na Tunísia. Tal qual lá, aqui a intenção é das melhores. E os resultados interessantes. E surpreendentes.

Você, caro leitor, não crê que o número de pessoas que nunca utilizaram um computador na vida ultrapasse a marca de 55% da população nacional? Pois é exatamente a esse número que a pesquisa chegou. Mas há outros ainda mais animadores. Os computadores já chegaram a 16,6% das casas brasileiras e 13,8% de toda a população usam um computador todo santo dia. Quando o assunto é acesso à Internet o número cai para 9,6%, mas ainda assim é bem animador. Afinal, estamos falando de cerca de 15 milhões de pessoas todos os dias ligados na Internet. Entre outras coisas, acessando este pequeno cantinho.

Por outro lado, 68% da população nunca acessou a Internet. Um número mais palpável do que os 55% que nunca usaram computador. Mas não deixa de surpreender também. Um número, no entanto chega a ser instigante: enquanto 41% da população acessa a rede para fins educacionais, 32% brincam, fazem compras, batem papo, enfim a usam por interesse pessoal e apenas 26% utilizam a internet para trabalho. Pode ser, mas visto assim, cruamente, me soa novo. Eu nunca imaginei. Mas que bom que alguma coisa nesse país ainda cause surpresa. Assim, a velha e surrada frase "eu não me surpreendo com mais nada" dá um descanso para nossos ouvidos e olhos.

Outro dado importante diz respeito ao governo eletrônico. Que ele foi feito com tecnologia "world class", por quem entende realmente do assunto e que vem fazendo sucesso já era sabido. Mas que 40% das pessoas que utilizaram a internet nos últimos 12 meses também acessou algum tipo de serviço de e-gov também causa espanto.

Quando o assunto é comércio eletrônico percebemos que ainda estamos muito no comecinho do negócio. Apenas 6,38% da população já comprou algum produto ou serviço na internet nos últimos 12 meses. Se levarmos em conta apenas as pessoas que acessam a Internet esse percentual sobe para 20%. Ou seja, metade do número de pessoas que procuraram pelo e-gov. Em outras palavras, o governo eletrônico, que não faz nenhuma ou muito pouca propaganda faz o dobro do sucesso do comércio eletrônico brasileiro, que diariamente bombardeiam caixas postais de todos os cantos com suas promoções. Isso é para se refletir. Se bem que sabemos que o grande problema é a falta de confiança na segurança da rede.

Uma pesquisa como essa dá trabalho e precisa ser levada a sério. Como o CGI sempre vem fazendo comandando suas ações. Mas muita gente deve torcer o nariz para alguns números. Mas com uma amostragem dessa amplitude, é possível que a realidade não esteja totalmente ajustada, afinada, em harmonia com os números da pesquisa. Mas que está muito próxima, isso tá.

Mas antes que os críticos se levantem contra os números, o próprio CGI tratou de se adiantar e anunciou uma parceria que vai ajudá-lo a monitorar e avaliar o impacto sócio-econômico das tecnologias da comunicação e da informação (TIC) no país. Para isso se uniu ao IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, ao Instituto Ipsos-Opinion e ao Ibope//NetRatings. O objetivo é desenvolver indicadores sobre a penetração e uso da internet no país.

A parceria com o IBGE aponta para uma grande pesquisa, a ser realizada em 140 mil domicílios ainda este ano.Como já estamos no final de ano não creio muito que isso aconteça agora. Os resultados devem chegar apenas em outubro do ano que vem. Mas, desde já é possível afirmar uma coisa. Tanto os números apresentados ainda esta semana como os muitos outros que virão á tona em 2006 apontam para a possibilidade de se trilhar um caminho, no mínimo mais coerente e consciente das limitações, potencialidades e expectativas de nossa Internet. Agora, cá pra nós: isso é muito mais importante do que saber quem manda na Internet mundial. Ou não?