NIC.br

Ir para o conteúdo
13 MAI 2025

Apenas 10% das pequenas empresas utilizam inteligência artificial nos negócios, diz pesquisa


Pequenas Empresas & Grandes Negócios - 13/5/2025 - [gif]


Autor: Carina Brito
Assunto: TIC Empresas

Segundo coordenador da pesquisa TIC Empresas 2024, divulgada pelo Cetic.br/NIC.br, adoção ainda é limitada por restrições de recursos humanos e financeiros, assim como o entendimento da necessidade das soluções tecnológicas no dia a dia

O uso de inteligência artificial (IA) ainda está concentrado nas grandes corporações, segundo a pesquisa TIC Empresas 2024, divulgada pelo Cetic.br/NIC.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação/Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto), que mapeou o uso de tecnologias da informação e comunicação em mais de 4,4 mil empresas com dez ou mais funcionários. O levantamento mostra que, enquanto 38% das grandes empresas e 29% das médias empresas utilizam IA, apenas 10% dos pequenos negócios implantaram a tecnologia em suas operações.

“A adoção ainda é limitada, especialmente entre pequenas empresas, por restrições de recursos humanos e financeiros, assim como o entendimento da necessidade daquelas soluções no dia a dia. Como se trata de um mercado incipiente, os custos de IA ainda são elevados para muitas dessas empresas", diz Leonardo Melo Lins, coordenador da pesquisa TIC Empresas/Cetic.br. “Diferentemente do uso da internet, amplamente acessível por meio de diversos provedores e faixas de preço, contratar uma solução de IA ainda exige conhecimento técnico e investimentos que fogem à realidade de boa parte dos pequenos negócios.”

Outra questão, segundo o especialista, é que muitas das empresas consideradas na pesquisa atuam no comércio varejista ou na prestação de serviços, com processos simplificados e pouca estrutura para lidar com dados — requisitos básico para treinar modelos de IA.

Entre negócios de todos os portes que utilizaram IA em 2024, a maioria (76%) optou por adquirir softwares ou sistemas prontos, sem desenvolver soluções próprias, e 56% contrataram fornecedores externos para modificar ou desenvolver sistemas de IA. O desenvolvimento interno segue limitado: apenas 20% afirmaram desenvolver IA dentro da organização.

O uso de IA entre as pequenas empresas tem como principal foco a automação de fluxos de trabalho e de atendimento, diz o analista. “Soluções como chatbots costumam ser o primeiro passo, já que são exemplos de automatização simples, mas que já demonstram um uso prático de IA.” 

A pesquisa também mostra que as vendas pela internet foram comuns em empresas de todos os portes — em 2024, 61% dos negócios fizeram uso de comércio digital. Entretanto, os canais diferem dependendo do tamanho da organização.

Enquanto as grandes adotam opções mais sofisticadas, como websites próprios, os pequenos negócios se valem de redes sociais e aplicativos de mensagens. WhatsApp e chats do Facebook são os canais mais usados para vendas pela internet, embora tenham registrado queda: de 55% em 2023 para 49% em 2024.

Segundo a pesquisa, apenas 53% das empresas possuem site, número praticamente estável desde 2019. Redes sociais como Instagram e TikTok, por outro lado, cresceram em uso e hoje são presença em 74% das empresas.

“Diferentemente das grandes empresas, que mantêm sites próprios e ambientes de vendas mais estruturados, as pequenas ainda dependem de plataformas alheias, sujeitas a mudanças de algoritmo, instabilidade e concorrência desleal. Ter um site próprio, com informações claras, produtos e formas de contato, reforça a credibilidade da empresa e transmite mais segurança ao consumidor", afirma Lins.

O levantamento ainda mostra que práticas básicas de segurança digital seguem pouco disseminadas. Entre as empresas que possuem política de segurança digital, apenas 40% discutem riscos em reuniões, e 30% promovem treinamentos específicos sobre o tema. Ou seja, apesar de haver conscientização, são poucas as iniciativas efetivas voltadas à mitigação de riscos — especialmente entre as pequenas empresas.

Segundo o analista, dois fatores contribuem para esse cenário: falta de recursos e ausência de práticas simples, mas eficazes. “Em estudos qualitativos anteriores, observamos que procedimentos básicos, como evitar o uso de pendrives não protegidos ou atualizar os sistemas operacionais, são frequentemente negligenciados”, afirma. Ele explica que as atualizações de softwares geralmente corrigem falhas identificadas nas versões anteriores e oferecem maior proteção contra ataques.

“Ignorar essas atualizações pode expor a empresa a vazamentos de dados e até extorsões, com sérios danos financeiros e de reputação aos negócios.”