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14 MAR 2019

Sem a Web ativa, as redes sociais não existiriam


Convergência Digital - 13/03/2019 - [gif]


Autor: Roberta Prescott
Assunto: Evento

O conceito, preconizado pela revista Wired em 2010, de que a web estaria morta e a internet cada vez mais viva não faz sentido, segundo estudiosos da Rede Mundial. Em evento transmitido online para comemorar os 30 anos da World Wide Web, comemorados nesta terça-feira, 12/03, o Centro de Estudos sobre Tecnologias Web (Ceweb.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) relembrou os marcos históricos e debateu as principais tendências da Web.

“A web não está mais apenas no navegador; ela está nos aplicativos. O próprio Tim Berners-Lee comentou isto quando falaram que a web estava morta e que era o momento dos aplicativos. Mas os próprios aplicativos que temos no celular utilizam tecnologias web e têm ganhado mais força a abordagem de aplicativos chamados progressive web apps (PWA),que são aplicativos com tecnologia puramente da web que funcionam no celular, mas com experiência de um aplicativo nativo”, respondeu Newton Calegari, analista de projetos Web do Ceweb.br e W3C Brasil, à pergunta enviada pela redação da Abranet questionando o futuro da web.

Ele explicou que a barreira de desenvolvimento de PWA tem sido cada vez menor, porque as linguagens para web oferecem certa facilidade de aprendizado. “Além disso, enxergamos paradigmas novos onde a web tem avançado, como as novas interfaces com ambientes de realidade virtual e realidade aumentada na web, que podemos adicionar conteúdo com realidade aumentada para enriquecer a experiência de acesso”, explicou. Ao relembrar das três décadas da web, o criador da World Wide Web, Tim Berners-Lee, advertiu, em entrevista à BBC, que é necessária uma ação global para conter “o mergulho [da internet] rumo a um futuro disfuncional”. O especialista disse que a correção de rumo se faz urgente.

Reinaldo Ferraz, especialista em desenvolvimento do Ceweb.br e do W3C Brasil, observou que sem a Web, as redes sociais, muito provavelmente nãó exisitiriam, já que elas nascem com interface web e é interessante pontuar como as redes sociais se beneficiaram da web.  Em 2008, o HTML 5 surgiu com objetivo de atender às novas demandas do usuários e desenvolvedores, mas como ressaltou Caroline Burle, responsável pelas relações institucionais e internacionais do Ceweb.br e W3C Brasil, não foi o HTML 5 quem matou o Flash, mas, sim, a Apple, que vislumbrou que, com as funcionalidades do HTML 5, não precisaria mais do Flash.

Burle destacou também que, em 2010, respondendo à Wired, Tim Berners-Lee levantou a voz com posicionamento mais político e falou que os aplicativos estão usando cada vez mais a web e não ela estaria morrendo e que ainda é necessário trabalhar para manter a web mais aberta e fortalecê-la. “Hoje enxergamos que isto realmente aconteceu”, disse a especialista, lembrando que, em 2014, Berners-Lee apontou que os dados das pessoas estão ficando com algumas empresas e chamando atenção para a necessidade de se redescentralizar a web.

Mais recentemente, lembrou Caroline Burle, Tim Berners-Lee voltou a se pronunciar de maneira veemente sobre três pontos que precisam ser batalhados. “Estamos perdendo o controle dos nossos dados pessoais; é muito fácil espalhar notícias falsas na web e campanhas políticas que precisam ser mais transparentes. Ele tem batido nestes três pontos e em como acabar com a divisão digital no mundo, pensando políticas públicas e modelos de negócios que protejam dados pessoais”, completou.