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20 MAR 2019

Por que o Brasil ainda não está pronto para o Stadia, do Google


The Enemy - 19/03/2019 - [gif]


Autor: Bruno Silva


Velocidade de conexão deve ser um grande empecilho para a plataforma

 Stadia, plataforma de games recém-anunciada pelo Google, chega em 2019 prometendo uma revolução: jogos com alto poder gráfico, em definição 4K e 60fps, diretamente em qualquer tela, por meio da nuvem.

Isso obviamente é um enorme empecilho para o Brasil, que detém o 79º lugar no ranking de conexões de internet da Akamai, com velocidade abaixo da média mundial.

O país não está na lista inicial de lançamento do Stadia (embora o chefe da plataforma, Phil Harrison, tenha sinalizado ao The Enemy alguns planos de expansão para outros mercados), mas, mesmo que a plataforma chegue ao país em breve, a conexão representará grandes dificuldades para quem quiser adotá-la por aqui.

Durante a apresentação, o Google não especificou qual será a velocidade de conexão necessária para rodar o Stadia, mas é possível ter uma noção com o Project Stream, um teste da tecnologia por trás da plataforma realizado em 2018 nos Estados Unidos.

O Project Stream colocou Assassin's Creed Odyssey rodando em alta definição no navegador Google Chrome, mas para isso era preciso ter uma conexão de, no mínimo, 25 Mbps, de acordo com um teste realizado pelo The Verge. É uma exigência cinco vezes superior a pedida pela Netflix para streaming de vídeos em alta definição, por exemplo.

Project Stream: teste do Stadia exigiu velocidade de internet que poucas empresas no Brasil oferecem

Google/Divulgação

Quando este patamar de velocidade de conexão é colocado diante da realidade brasileira, os números não deixam dúvidas. Para se ter uma ideia, apenas 27% das provedoras brasileiras de internet oferecem planos de internet de 20mbps a 40mbps - ou seja, capazes de suportar o Project Stream.

Os dados vem do livro Banda Larga no Brasil: um estudo sobre a evolução do acesso e da qualidade das conexões à Internet, divulgado em 2018 pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), órgão que participa da gestão da internet no país.

O estudo, realizado com dados coletados entre 2013 e 2016, mostram que a velocidade da banga larga fixa ainda está muito aquém do exigido pela plataforma do Google. As principais ofertas de conexão ficam entre 128 Kbps a 1 Mbps (89)% e 1 a 10 Mbps (94%).

Para quem quiser jogar enquanto outros membros da família ou integrantes da casa utilizam a internet - o que requer uma conexão ainda mais parruda -, os planos devem ficar ainda mais escassos. Quanto maior a velocidade, menor o número de empresas que ofertam planos. De acordo com o estudo, só 15% oferecem planos de 70 Mbps a 100 Mbps, por exemplo.

A situação fica ainda mais complicada quando se entra na parte de regulamentação da velocidade de conexão, na qual a empresa pode não entregar o total do valor contratado. A regulação atual da Anatel prevê a velocidade instantânea não deve ser inferior a 40% da velocidade contratada  pleo cliente, enquanto a média mensal não deve ser inferior a 80% do pacote ofertado.