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29 MAI 2019

Para PSA, Brasil pode ocupar posição de vanguarda na revolução automotiva


Automotive Business - 28/05/2019 - [gif]


Autor: Wilson Toume
Assunto: Indicadores

De acordo com Pablo Averame, vice-presidente de marketing, produto, mobilidade e serviços conectados na América Latina do Grupo PSA, a empresa trabalha com sete megatendências que darão forma ao futuro da indústria automotiva: Divergência de Mercado, Sharing (compartilhamento), Energia e Meio Ambiente, Veículos Autônomos, Digitalização, Comportamento do Cliente e Conectividade. E para o executivo, o Brasil já possui papel de destaque nos últimos quatro quesitos, ou seja, Conectividade, Comportamento do Cliente, Digitalização e Veículos Autônomos. Essa avaliação foi feita durante a apresentação de Averame no Automotive Business Experience, ABX19, realizado na segunda-feira, 27, no São Paulo Expo.

O executivo lembrou, por exemplo, que de acordo com dados do Comitê Gestor da Internet no Brasil, 49% dos internautas brasileiros usam apenas smartphones para acessar a rede – número superior ao de usuários que combinam smartphones e computadores (47%). Além disso, o brasileiro é o terceiro povo que permanece mais tempo conectado (mais de nove horas por dia, em média), perdendo apenas para os tailandeses e filipinos.

O desafio, de acordo com Pablo Averame, é estender a experiência com a qual o consumidor brasileiro já está acostumado ao interior do automóvel. Experiência para isso o País já possui, como atestam as soluções desenvolvidas por aqui, como sistemas de pagamento de pedágio, estacionamento e combustível, que utilizam tanto etiquetas eletrônicas, como aplicativos.

Por conta dessa facilidade que o brasileiro tem em aceitar novas tecnologias – principalmente as digitais –, Averame também destaca o comportamento do consumidor. Como exemplo, ele mencionou um novo seguro disponibilizado para o Citroën C4 Cactus, por meio do qual o cliente pode obter desconto de até 20%, em função do uso do veículo. Ou seja, a tecnologia pode trazer comodidade, agilidade e outros benefícios para o cliente, motivando-o ainda mais a adotar novos sistemas.

Já no quesito Digitalização, Pablo Averame lembrou que a indústria automotiva tem um histórico ruim, de demora nas respostas e adoção de soluções caras. Hoje, porém, ele acredita que todas as montadoras já têm consciência de que precisam ter agilidade para continuarem competitivas. “O tamanho da empresa já pode não ser fator preponderante, mas a agilidade e a velocidade sim, porque serão exigências impostas a nós. Na realidade, o tamanho pode até impedir que as montadoras se adaptem no ritmo adequado”, alertou.

Por fim, Averame explicou que, embora o consumidor brasileiro seja receptivo às novas tecnologias, o automóvel autônomo ainda está distante do País por conta de restrições de infraestrutura e legislação – ambas sob responsabilidade do governo. Veículos com níveis menores de condução autônoma (frenagem automática ou controlador de velocidade de cruzeiro adaptativo) já estão disponíveis por aqui, mas é preciso resolver os problemas básicos (sinalização das vias, por exemplo) para passar aos níveis superiores, disse.

O vice-presidente do Grupo PSA encerrou sua apresentação afirmando que as empresas do setor precisam ser ágeis, inovadoras e entregar soluções alinhadas às necessidades de seus consumidores. “Somente os players que, além de enxergarem esse movimento, conseguirem colocá-los em prática, vão sobreviver e se sobressair nos próximos anos”, declarou. “E no Grupo PSA, acreditamos que quem não se adequar rapidamente, será extinto, ‘engolido’ pelos concorrentes”, finalizou.

INCENTIVOS À INOVAÇÃO

Se o executivo do Grupo PSA enfatizou a necessidade de inovar, Adriana Martin, diretora de políticas de incentivo à inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), explicou em sua apresentação no evento que o contingenciamento de verbas promovido pelo atual governo atingiu todos os ministérios, mas não interrompeu nenhum processo. “As políticas de estímulo à inovação seguem sem alterações”, afirmou Adriana, que ainda fez questão de explicar: “Hoje, não falamos mais em incentivo, mas sim em estímulo à inovação.”

A diretora do MCTIC observou ainda que o Programa Rota 2030 não foi prejudicado pelo contingenciamento, pois as Proposições de Programas Prioritários (PPPs) ainda estão sendo analisadas. Além disso, afirmou que o assunto, atualmente, são programas e não projetos isolados. Adriana Martin lembrou que existem diversas opções de financiamento (Lei do Bem, Processo Produtivo Básico etc.) e que as empresas devem pesquisar e conhecer essas alternativas, a fim de verificar como cada uma pode ser utilizada. Para a dirigente, é até possível que uma empresa utilize diversos planos de incentivo.

José Maria de Almeida Medeiros Filho, gerente substituto do Departamento de Engenharia, Metal Mecânica, Equipamentos, Transporte e Serviços (DMES), vinculado à diretoria de inovação na Financiadora de Inovação e Pesquisa (Finep), empresa pública de fomento à ciência, tecnologia e inovação, afirmou que, apesar do contingenciamento, a Finep não teve sua atuação prejudicada, pois possui reservas próprias para seguir com suas operações. “Mas seguimos analisando a importância e o peso dos projetos com muito critério e rigor”, garantiu.

Indagado se o Cadastro Informativo de Créditos Não Quitados do Setor Público Federal (Cadin) não atrapalha muitas empresas, já que impede a concessão de créditos a empresas em débito com a União, mesmo no caso de pequenas multas, Medeiros Filho foi direto: “O Cadin é um filtro que todo ente público possui e que deve ser respeitado. Por meio de nossos canais de comunicação, a gente procura alertar todas as empresas que evitem problemas. Resumindo: não sejam multados”, disse.