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11 AGO 2008

Telefônica diz que "Plano B" para apagão é o acesso discado






Convergência Digital - 11/08/2008 - [ gif ]
Autor: Luiz Queiroz
Assunto: Acesso à Internet

Ao responderem uma questão levantada por um membro do Comitê Gestor da Internet do Brasil, numa reunião realizada na última sexta-feira (08/08), os técnicos da Telefônica disseram que já estão estudando, principalmente, com os "clientes" corporativos, uma espécie de "Plano B", para o caso de ocorrência de um novo "defeito lógico" em sua rede de acesso à Internet banda larga. Para perplexidade de alguns membros do CGI.br, uma dessas alternativas seria, por exemplo, os clientes voltarem a utilizar o acesso discado para conexão à Internet.

"Em alguns bancos, por exemplo, com um backup dial-up (acesso por linha telefônica), se consegue fazer de 10 a 12 caixas funcionarem. O backup dial-up é muito seguro, funciona e é uma tecnologia estável. Foi uma discussão muito rica com os clientes neste sentido", disse candidamente um dos técnicos da Telefônica, para espanto dos ouvintes que participaram da reunião do CGI.br.

Serviços públicos

Já no caso dos serviços públicos, que têm uma capilaridade muito grande na rede, a idéia da Telefônica de "Plano B" seria fazer com que alguns pontos tivessem tratamento diferenciado na rede. Eles poderiam suportar toda a carga de demanda da população no caso de um novo apagão, não descartado pela empresa de voltar a ocorrer. O perigo tampouco foi afastado pelos membros do CGI.br após ouvirem as explicações da Telefônica. Eles constataram que tal problema poderá acontecer não apenas na rede da Telefônica, mas também nas demais redes de banda larga das empresas de telefonia.

Para os técnicos, num novo "apagão", os serviços públicos como o "Poupa Tempo" ou os dos postos da Previdência só teriam duas alternativas viáveis. A primeira: Mandar a pessoa de volta para casa. A segunda opção seria justamente avaliar, por exemplo, a perspectiva de numa cidade que tenha cerca de 10 agências, que pelo menos duas estejam funcionando e possam receber toda a massa de aposentados e pensionistas que necessitem do serviço. Da mesma forma, isso poderia ser tentado com as delegacias e outros pontos de atendimento comunitário.

Os técnicos da Telefônica chegaram a dizer que já trataram desse problema com o presidente da Dataprev, Lino Kieling. E, aparentemente, vão estudar esse tipo de alternativa para não deixar que todos os postos deixem de funcionar por falta de Internet, caso venha a ocorrer um novo evento na Internet de São Paulo. Entre os dias 2 e 3 de julho, o Estado ficou quase 36 horas sem Internet de alta velocidade e o problema chegou a prejudicar outros pontos do país.

"Já estivemos lá com o Lino (kieling - presidente da Dataprev) na semana retrasada e essa discussão de Plano B está realmente num crescendo. Mas, por exemplo, no caso do Poupa Tempo, o fato de não dispor de Internet naquele dia, se resolveu com uma planilha: coloca o nome, dá uma senha e manda voltar no dia seguinte ou manda para outro lugar, porque está fora do ar, seja pelo motivo que fosse", argumentou o executivo da Telefônica.

Como não há garantias que um novo defeito lógico (a falha de um roteador provocada no processamento dos dados que recebia) não venha a ocorrer novamente, clientes de muita capilaridade terão uma "contingência pontual, mais profunda, em alguns pontos de sua geografia", na avaliação do técnico da Telefônica.

"Foi o que discutimos com a Previdência", ressaltou o Técnico da Telefônica. "Se numa cidade com 10 agências, duas estivessem funcionando isso teria minimizado o impacto? Fortemente. Tem sido uma discussão muito ampla nesse sentido", afirmou.

Redundância

A equipe da Telefônica afirmou ao CGI,br que dispõe de redundância em toda a sua rede, o que deveria evitar um apagão geral, pois uma rota alternativa entraria em funcionamento. Porém, nos dias 2 e 3 de julho o que ocorreu foi um "defeito lógico", um roteador recebia dados e os "corrompia" no resto da rede, tornando-a intermitente, lenta.

"Nossa rede é totalmente redundante, temos diversos caminhos, só que essa conectividade ou talvez esse excesso de conectividade num evento lógico pode ser um facilitador dessa propagação. A rede se redireciona, mas diante da convergência é aí que a inatividade vem com essa complexidade", disse outro técnico da companhia, acrescentando que cada vez mais as empresas de telefonia estão dependentes do software que faz a intermediação da transmissão dos dados.

Pela avaliação que fizeram ao Comitê Gestor da Internet, no caso de um novo "defeito lógico", o único procedimento a fazer será o que foi feito em julho: Desligam-se aos poucos diversos pontos dessa rede e, em seguida, começam a reativá-los. Será nesse momento que os técnicos poderão identificar dentro da malha de onde estão partindo os dados corrompidos em um roteador.

"Mas já houve uma discussão bem-sucedida com os nossos clientes de termos uma contingência mais pontual para que dois ou três pontos estejam funcionando, para que duas ou três agências ou postos policiais possam receber as pessoas de outras áreas", reafirmou ao final o técnico da Telefônica.