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03 JUL 2008

Telefônica alega que "problema é raro e ainda não tem sem solução"






Convergência Digital - 03/07/2008 - [ gif ]
Autores: Ana Paula Lobo e Luiz Henrique Ferreira
Assunto: Pane na Internet

O presidente da Telefônica, Antonio Carlos Valente, em entrevista à Rádio CBN, assume que o problema na infra-estrutura de acesso de dados da operadora - que completará 24 horas na noite desta quinta-feira,03/07 - "não foi ainda diagnosticado e que não há como dar um prazo para o reestabelecimento do serviço". Valente disse que equipes de fornecedores - entre eles, Cisco e Juniper - estão atuando para tentar identificar a causa da pane, que também atingiu os sistemas de redundância - que teriam a missão de funcionar em caso de falha do principal.

Valente admitiu que o problema na rede da Telefônica é "complexo, raro e ao que parece é a primeira vez que acontece mundialmente", apesar de o executivo não entrar em detalhes técnicos na entrevista concedida à rádio CBN de São Paulo. Segundo Valente, os esforços estão sendo feitos para que o serviço seja reestabelecido o quanto antes, mas não há como estimar um prazo.

O presidente da Telefônica assumiu que boa parte da carteira de clientes corporativos foi atingida, assim como, os da administração pública municipal e estadual. Os usuários do Speedy, serviço de banda larga residencial da operadora, também sofrem com a pane.

"Peço desculpas aos nossos clientes, sabemos das nossas responsabilidades", afirmou ainda Valente, ao ser questionado pelo repórter da CBN, com relação ao posicionamento do Instituto de Defesa do Consumidor - IDEC - que diz que a concessionária terá que indenizar os seus assinantes pelos prejuízos registrados ao longo do período que o serviço estiver "fora do ar".

Em Brasília, o superintendente de Fiscalização da Anatel, Edilson Ribeiro dos Santos, recebeu um comunicado do gerente Everaldo Ferreira, no qual foi relatada a pane na rede de dados da Telefônica nesta quarta-feira, 03/07.

O gerente comunicou ainda que a Anatel-SP está acompanhando os problemas na rede da concessionária e fiscalizando as razões que levaram a ocorrência da falha, que afetou grandes empresas, parte da administração municipal e estadual de São Paulo e os usuários do serviço de banda larga, Speedy.

Um dia para entrar na história de São Paulo

A quinta-feira,03/07, ficará na história de São Paulo. Uma pane na rede da Telefônica, principal provedora de infra-estrutura de dados no Estado, deixou milhares de pessoas físicas e jurídicas sem acesso à Internet. A administração pública de São Paulo foi uma das mais atingidas. Grandes empresas também foram atingidas.

A suspensão de diversos serviços, muitos de utilidade pública, revela que gerenciamento de risco e plano de contingência não são uma realidade apesar de haver uma massificação do uso da Internet no dia-a-dia dos negócios. No governo de São Paulo, o estrago é grande.

As pequenas e médias empresas que utilizam o Speedy - acesso banda larga da Telefônica - para suas aplicações de negócios estão em boa parte - paradas. A Caixa Econômica Federal, segundo a Folha Online, informou que as casas lotéricas de São Paulo não estão fazendo os pagamentos e as apostas porque utilizam a infra-estrutura da Telefônica.

A Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo - Prodesp - informou que o problema atinge boa parte da Intragov, rede do governo. A comunicação entre os órgãos está suspensa. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado, cerca de 1.300 distritos policiais estão com serviços prejudicados por conta do problema.

O serviço Speedy de banda larga da Telefônica, que atende 2,2 milhões de assinantes em 407 cidades do Estado, sofre com a pane e a maior parte dos assinantes não tem conexão. Em comunicado distribuído à imprensa, o IDEC, que está sem serviço, diz que a empresa terá que indenizar os assinantes.

IDEC cobra indenização e ação da Anatel

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) observou que em novembro e dezembro do ano passado, em parceria com o Comitê Gestor da Internet Brasil (CGI), realizou um teste no qual já constatava a instabilidade do serviço prestado pela Telefônica.

Durante o teste constatou-se que o consumidor contratante do Speedy conseguia utilizá-lo efetivamente em apenas 60% do tempo, pois no restante a conexão caía. E a pane desta quinta-feira,03/07, comprova, segundo o IDEC, a falta de qualidade da internet banda larga da Telefônica.

Para a advogada do Idec, Daniela Trettel, em comunicado da entidade, "cabe á Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) apurar o ocorrido e, munida de seu poder/dever de fiscalização, punir a concessionária. A situação de hoje mostra, em primeiro lugar, a fragilidade de uma das maiores empresas de telecomunicações, quando, por um problema em seu servidor, não dispõe de uma alternativa para solucionar, ainda que temporariamente, o problema causado".

A advogada acrescenta ainda que "essa situação também nos faz refletir que uma cidade como São Paulo não pode depender de somente duas ou três empresas que prestam um serviço tão importante como é o da internet banda larga. É de extrema urgência que se pense em formas alternativas de acesso à Internet, e que se concretize, de uma vez por todas, a concorrência e a competição que deve existir, com a inserção e atuação significativa de novos agentes no mercado".

Já o analista Alex Zago, da IDC Brasil, que soube do problema numa coletiva de imprensa realizada pela consultoria, nesta quinta-feira, 03/07, na capital paulista, a pane da Telefônica apenas evidencia a necessidade de as empresas observarem que gerenciamento de risco e planos de contingências precisam ser elaborados para a Internet.

"Essa aplicação, hoje, é crucial para o dia-a-dia das empresas. É preciso que elas saibam que é preciso redundância, e que preço não pode ser o principal diferencial nesta área", destacou o especialista.