NIC.br

Ir para o conteúdo
27 MAR 2008

Tecnologia para todos






Uai - Estado de Minas - 27/03/2008 - [ gif ]
Autor: Marcelo Portela
Assunto: Inclusão Digital

Apesar de crescer número de residências conectadas, maior parte da população ainda não tem acesso a PCs.

A psicóloga Eliane Gonçalves da Costa, de 25 anos, comprou no fim do ano passado seu primeiro notebook. Recém-formada, ela vive na Barragem Santa Lúcia, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, e aproveitou a queda nos preços dos PCs para parcelar o valor da máquina, essencial para dar agilidade a seu trabalho. Eliane faz parte dos 4% da população que, em 2007, conseguiram adquirir um computador e dos 3% dos brasileiros que começaram a navegar na internet de casa. Apesar do aumento no número de pessoas com acesso a esse tipo de tecnologia no ano passado, registrado pelo Núcleo de Informação e Coordenação (NIC) do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), a maior parte da população ainda está fora da era digital. Na tentativa de ajudar a mudar esse quadro, o Comitê de Democratização da Internet (CDI) promove, no sábado, o Dia da Inclusão Digital.

Segundo a TIC Domicílios 2008 do CGI, pesquisa que mede a penetração das tecnologias da informação e comunicação no país, o Brasil registra aumentos seguidos do número de pessoas com acesso a computadores e dispositivos como celulares e TVs, entre outros. Pelos dados, ano passado 24% dos lares brasileiros possuíam um computador, crescimento de 4% em relação a 2006, quando os PCs estavam presentes em 20% das casas. Percentualmente pode não parecer grande coisa, mas isso representa a entrada de quase 3 milhões de residências na era da informática.

O mesmo ocorre com os domicílios com acesso à internet. Em 2006, 15% das casas (6,5 milhões) tinham acesso à rede, número que saltou para 17% (7,7 milhões de residências) ano passado. Apesar do crescimento, o número ainda está longe do ideal. Só para comparação, nos Estados Unidos, por exemplo, a internet tem penetração em 71% da população.

RENDA De acordo com o CGI, o maior crescimento do acesso ao PC no Brasil ocorreu nas residências com renda entre dois e cinco salários mínimos. Na faixa entre dois e três salários, os 24% dos lares com computador registrados ano passado são mais do que o dobro dos 10% de residências contabilizados em 2006 e quatro vezes os 6% da população verificados em 2005. Já na população que ganha entre três e cinco salários, havia 23% de casas com PC, há dois anos, e em 2007 esse número saltou para 40%.

Além de uma queda generalizada no preço de máquinas e serviços, o avanço no acesso à tecnologia coincide com a ampliação de programas sociais como o Computador para todos, por meio do qual o governo federal facilita o financiamento de computadores até determinados limites de preço. "Os preços estão mais acessíveis, mas (PCs) não são baratos. Consegui comprar um notebook, mas só a prazo", ressalta Eliane.

Ela conta que o PC agilizou seu trabalho, que exige a elaboração constante de relatórios, mas ainda não tem motivos para comemorar plenamente o acesso ao mundo digital. Na Barragem Santa Lúcia, não há serviço de internet banda larga e, para navegar na rede, ela foi obrigada a assinar uma conexão discada, bem mais lenta. "Eu tenho interesse em assinar banda larga, tenho condições de pagar, mas não há acesso na comunidade. Nesse ponto, ainda estamos à margem do serviço", dispara.

A psicóloga conta também que fez o esforço para comprar o notebook por necessidade da profissão e que boa parte dos moradores da barragem ainda não tem acesso às máquinas.

"Aqui, só tem computador e internet comunitários, mas é muito precário", ressalta a jovem, que durante o curso de psicologia foi obrigada a pedir computadores emprestados para fazer os trabalhos da faculdade. "Agora, já emprestei o meu para vários amigos", afirma.

INCLUSÃO O acesso restrito à tecnologia não é realidade apenas para os moradores da Barragem Santa Lúcia e é justamente para tentar reverter esse quadro que, desde 2001, o CDI promove o Dia da Inclusão Digital. Em Minas, o evento é organizado em parceria com a Sociedade dos Usuários de Informática e Telecomunicações (Sucesu-MG). Durante a semana, ocorreu uma oficina de internet para educadores das 31 Escolas de Informática e Cidadania (EICs) do estado, que posteriormente repassarão o conhecimento aos alunos. No sábado, a EIC Vida que te quero viva, na Região de Venda Nova, funcionará aberta a toda a população.

Na ocasião, quem tiver interesse poderá aprender o básico para usar um computador e acessar a internet. Paralelamente, ocorrerá uma gincana on-line, com a participação de todas as escolas. Os eventos são todos gratuitos. A EIC Vida que te quero viva funciona na Praça São Jorge, número 1, no Bairro Lagoa, e a comunidade poderá usar os computadores das 9h às 17h.