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31 MAI 2007

País de excluídos digitais






Veículo: Portal Uai
Data: 31/05/2007
Autor: Marcelo Portela
Assunto: Indicadores

Pesquisa mostra que mais da metade dos brasileiros nunca teve acesso a um computador

Mais da metade dos brasileiros nunca teve contato com um computador. Apesar dos programas de governos, em todos os níveis, de redução da massa de excluídos digitais do país, 54,35% da população nunca havia usado um PC até o ano passado. E, apesar de ser um instrumento de trabalho e lazer imprescindível para grande número de pessoas, a internet é ainda uma realidade distante para dois terços dos brasileiros e, apesar do Brasil ser recordista mundial no tempo médio de navegação, com 21 horas e 44 minutos, apenas 33,32% da população teve chance de navegar pela rede uma vez que seja.

É o que mostra a Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação no Brasil, realizada pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto br (Nic.br) do Comitê Gestor da Internet (CGI.br). Ao todo, o Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic) do Nic.br ouviu 10,5 mil pessoas com mais de 10 anos, entre julho e agosto do ano passado, nas cinco regiões do país. Os dados foram reunidos pela Ipsos Public Affairs e têm margem de erro de 1,5% em âmbito nacional, e 5% nos resultados regionais. A pesquisa pode ser conferida em www.nic.br.

Segundo a gerente do Cetic, Mariana Balboni, a exclusão digital segue aproximadamente o mesmo mapa da desigualdade social brasileira. O Nordeste, por exemplo, é a área menos informatizada do país, e apenas 34,06% dos moradores da região já usaram computador, número que salta para 49,22% no Sudeste e para 50,72% no Centro-Oeste. A maior inclusão digital acontece no Distrito Federal, onde 69,35% dos entrevistados já tiveram contato com PCs. Apesar de estar abaixo do nível de inclusão do DF, Minas está numa situação um pouco mais confortável que o resto do país, e 52,91% do estado já usou um computador ao menos uma vez, índice que salta para 67,81% na Grande BH.

Já em relação aos domicílios, a pesquisa constatou que 19,63% têm computador, número que representa uma pequena melhora, se comparado às 16,91% das residências que tinham PC no levantamento de 2005. "Esse é um problema estrutural. A exclusão social é a principal responsável pelo grande universo de pessoas sem acesso à tecnologia e as regiões mais pobres do país refletem isso", observa Mariana.

O contato - ou a falta dele - com computadores também se reflete no acesso à web e 66,68% da população brasileira nunca teve a oportunidade de navegar pela rede. Mais uma vez, os dados seguem o mapa da exclusão social e apenas 22,41% dos nordestinos já tiveram contato com a internet, contra 36,89% na Região Sudeste. Já o número de domicílios com acesso à rede registrou aumento e passou de 9,39% em 2005 para 14,49%, ano passado. "O percentual daqueles que têm computador representa 45 milhões de pessoas. O 'primeiro mundo' do Brasil é bem avançado tecnologicamente, mas há grandes diferenças entre as regiões", diz.

Segundo Mariana, o aumento do acesso à rede também foi responsável por uma maior preocupação com a segurança eletrônica e 83,6% dos entrevistados afirmaram adotar alguma medida de prevenção, sendo que o antivírus é o preferido para 70,24% dos usuários, seguido pelos firewalls (14,25%).

Balboni ressalta que, entre as facilidades oferecidas pela internet, está o uso do chamado governo eletrônico - sites de órgãos públicos que oferecem serviços. Segundo o levantamento, 12,11% da população usou algum desses sites nos últimos 12 meses, principalmente para consulta ao CPF (66,06% dos usuários) e declaração de Imposto de Renda (48,13%).

Um dos adeptos do governo eletrônico é o advogado José Alberto de Alvim Braga, de 38 anos. Desde que declarou o Imposto de Renda on-line pela primeira vez, Braga virou freqüentador de sites governamentais. Funcionário do Procon, ele afirma que hoje usa o PC para checar informações em órgãos como o Detran, além de consultas à legislação e jurisprudências nos sites do Congresso e dos tribunais superiores, tudo de casa ou da mesa de trabalho "É muito mais prático. Só fiz minha declaração de Imposto de Renda no papel uma vez. On-line tem muito mais agilidade e reduz a burocracia", diz. "Antes, também consultava a legislação em jornais e bibliotecas, o que ocupa muito mais tempo. Hoje, essa tecnologia é como o celular: imprescindível!", conclui.