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13 NOV 2007

No segundo dia, IGF relaciona exclusão digital com falta de integração






Veículo: IDG Now!
Data: 13/11/2007
Autor: Guilherme Felitti
Assunto: IGF

Enquanto o ICANN foi o centro das atenções no primeiro dia do Internet Governance Forum 2007, realizado pela Organização das Nações Unidas no Rio de Janeiro, as dificuldades enfrentadas pela inclusão digital em países em desenvolvidos foi o assunto em pauta nesta terça-feira (13/11).

E todos os pontos de vista apontavam para a mesma direção: a falta de coordenação e mobilização das próprias nações.

Em painel mediado pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, Mouhammet Diop, CEO da empresa senegalesa Next.sn, encontrou semelhaças entre África e América Latina, principalmente, pela fragmentação na maneira como suas nações tentam incluir digitalmente seus habitantes.

A dificuldade de coordenação se transforma em barreira para a inclusão digital enquanto países escolhem plataformas divergentes e, muitas vezes, com caracerísticas opostas, para a mesma obrigação de oferecer acesso aos excluídos, lembrou Valerie D’Costa, do programa de doação de equipamentos de informática infoDev, braço do Banco Mundial.

"Falaria (para administradores de fundos governamentais para comunicação em países pobres) que gastassem o dinheiro para suportar as soluções mais ideais de acesso que estão brotando aqui e ali ao invés de apenas esperar que operadoras mostrem seus planos", propôs.

A desorganização provoca também problemas internos, com planos de acesso à banda larga que depende apenas do governo, algo que dificulta investimentos e raramente são entregues completos à população, defendeu Mike Jensen, consultor independente de Johannesburg, na África do Sul.

Tanto para ele como para Daniel Pimienta, pesquisador da Universidade de Martinica que participou do painel "Diversity" mediado pelo ministro da Cultura, Gilberto Gil, o principal problema não está apenas na infra-estrutura tecnológica, mas na falta de incentivo para criação de conteúdo digital, tarefa que poderia levar ainda mais excluídos à internet.

A mesma visão foi compartilhada  por Gil em discursos anteriores ao IGF, ao defender a necessidade da instalação da terceira evolução dos centros de inclusão digital, preparado para capturar e editar filme, aúdio e imagens digitais como forma de, além de incluir, ensinar uma habilidade para usuários menos favorecidos.

"Das 40 mil línguas que criamos no planeta, apenas entre 6 mil e 9 mil permanecem e, destas, menos de 500 existem digitalmente. Deste total, menos de 50 concentram mais de 99% do conteúdo online. Uma total existência digital não é limitada aos códigos", explica Pimienta, resvalando em conceitos antropológicos para citar a exclusão cultural na web atualmente.

Ironicamente, foi o ICANN, alvo de questionamentos sobre seu papel no primeiro dia do evento, que iniciou testes com domínios de 11 línguas não derivadas do latim, o que permitirá URLs com caracteres chineses, árabes, grego e japonês, por exemplo.

Por mais que não tenha sido lembrado tão constantemente durante o segundo dia do IGF 2007, a direção tomada pelos debates que clamam uma organização que possa ajudar na integração de países  para inclusão digital parece ter ajudado para colocar ainda mais dúvidas sobre o papel do ICANN.