NIC.br

Ir para o conteúdo
06 AGO 2008

Mais do que PCs e software, a conectividade é peça-chave para reduzir "abismo digital"






Convergência Digital - 06/08/2008 - [ gif ]
Autor: Fausto Regô
Assunto: Indicadores

As Lan Houses, os cibercafés e os telecentros têm potencial para eliminar a brecha digital e garantir o acesso das classes mais baixas aos benefícios proporcionados pela internet. A opinião é de Axel Leblois, presidente da World Times, que abriu a programação desta quarta (6/08) no Festival de Tecnologia de Petrópolis.

Respaldado por dados fornecidos pela pesquisa realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) - TIC Domicílios 2007 - Leblois falou sobre "Mercados para internet para classes C e D" e demonstrou o grande potencial de crescimento nesse setor. Leblois elogiou a experiência brasileira com os telecentros.

"Telecentros podem ser uma solução para esse gap entre as classes mais altas e as classes C e D. Têm uma boa largura de banda. Apenas sugeriria, conforme a pesquisa do CGI mostra, que o governo promova uma certificação para telecentros e Lan Houses, como uma forma efetiva de não apenas alcançar novos usuários, mas também incrementar o uso de aplicações de e-gov. O momento é muito apropriado", aconselhou o executivo.

De acordo com os dados do CGI, as classes menos favorecidas utilizam a internet, principalmente, para comunicação, informação e serviços on-line, educação e e-mail - nessa ordem. Compras, serviços financeiros e aplicações de-gov aparecem no final a lista.

Leblois apontou ainda para o potencial não-explorado das pessoas com discapacidades (visuais, auditivas ou motoras, incluindo as limitações provocadas pela idade), que compõem quase 30% da população mundial.

Segundo ele, esse é um público comumente desprezado, que precisa da tecnologia e, muitas vezes, pode passar mais tempo conectado dos que os demais usuários. "Não se pode colocar uma informação pública na web que não seja acessível", afirmou.

O executivo considera os custos de hardware e licenças de software apenas uma ponta do problema. A conectividade é, para ele, a grande barreira. "Essas pessoas usam a internet da mesma maneira que as demais, então não há por que esperar que aceitem aplicações inferiores ou recursos limitados", completou.

No estudo TIC Domicílios 2007, divulgado em março deste ano pelo CGI, ficou claro que foram os centros públicos de acesso pago, em especial, as "Lan Houses", os grandes pontos de acesso à Internet no país. Em muitas localidades, inclusive, essas unidades substituem o poder público.

O estudo revelou que 49% dos brasileiros acessam à Internet por meio das "Lan Houses". No ano passado, esse número era de 30%. O incremento, admitiu o levantamento, é uma demonstração que essas casas privadas assumiram o papel de incluir social e digitalmente, o brasileiro de menor poder aqusitivo.