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04 JUN 2007

Enquanto todos falam de Second Life...






Veículo: Revista Amanhã
Data: 04/06/2007
Assunto: Indicadores

Second Life e exclusão digital marcam um contraponto na realidade brasileira

A comunidade virtual Second Life ganha mais uma função. Depois de se tornar ferramenta de marketing, o universo virtual do Linden Lab - laboratório que idealizou a comunidade - agora é utilizado por empresas como ferramenta de recrutamento de novos talentos. Na semana passada, aconteceu o "Salão Virtual do Emprego" no Second Life, do qual participaram as empresas francesas Alstom, Areva, CapGemini, Unilog e a gigante dos cosméticos L´Oréal. As companhias buscavam candidatos de todo o mundo. Ao mesmo tempo, o Brasil se destacava no ranking global da exclusão digital. Uma pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil, divulgada pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic.br), mostra que 54,3% dos brasileiros nunca ligaram um computador e 66,7% jamais utilizaram a internet. O estudo entrevistou 10.510 domicílios e pessoas com mais de 10 anos entre julho e agosto de 2006.

A discrepância entre os dois mundos - o virtual do Second Life, que tem os brasileiros como a quinta maior comunidade do mundo, com 300 mil pessoas, e o real - evidenciam o poder da exclusão no Brasil. "A exclusão social é muito grande e a digital a acompanha", ressalta Mariana Balboni, gerente do Cetic.br. Segundo ela, a falta de contato com a informática reflete a carência do sistema educacional e de saúde. Mariana ressalta, entretanto, que as políticas do governo federal de inclusão digital vêm obtendo avanços. "Houve um pequeno aumento na quantidade de domicílios com computadores, principalmente entre a classe C. Isso já é um resultado do programa 'Computador para Todos'", avalia.

Em 2005, 16,4% dos respondentes da classe C tinham computador. Nas classes D e E, o índice caía para 2%. Na pesquisa divulgada neste ano, referente a 2006, verificou-se um acréscimo de 2,4% na classe C e de 0,8% nas classes D e E. Estatísticas como essas motivaram a criação do projeto "Inclusão Digital", da Universidade Federal do Paraná, em parceria com a escola técnica e a fundação da instituição. Carlos Alberto Schmitt, professor do projeto, afirma que, para reverter a exclusão, é necessário despertar a vontade da população de descobrir a informática e a internet - o que não invalida a execução de iniciativas governamentais. "Depois que o vírus da internet infecta a pessoa é impossível imunizá-la. Ela se torna dependente da rede", destaca o professor. (Fernanda Arechavaleta)