Desembargador manda desbloquear Youtube
Veículo: O Povo
Data: 10/01/2007
Assunto: Internet
A decisão, que visava esclarecer a ambigüidade da liminar, foi iniciativa do próprio desembargador, tomada assim que soube do bloqueio. Ele diz acreditar "que o fechamento completo do sinal de acesso ocorreu por dificuldades técnicas de ser criado o filtro que impeça o acesso ao vídeo". Sua ordem não foi interpretada como ele queria nem mesmo pelo juiz Lincon Antônio Andrade de Moura, da 23ª Vara Cível, que mandou ofício às empresas, informando que Santarelli teria ordenado "o bloqueio do site www.youtube.com".
O desembargador ponderou que a interdição poderia ser interpretada como medida desproporcional porque, para proteger um casal, milhões de internautas seriam prejudicados. Mas ressalvou: uma medida drástica como o bloqueio total do site pode ser adotada no futuro se a decisão de retirar os vídeos do ar for novamente descumprida.
Para ele, o resultado da confusão foi positivo. "O incidente serviu para confirmar que a Justiça pode determinar medidas restritivas, com sucesso, contra empresas, nacionais e estrangeiras, que desrespeitarem as decisões judiciais".
Para o presidente da Associação Brasileira dos Provedores de Acesso, Serviços e Informações da Rede Internet (Abranet), Antônio Tavares, o decisão de impedir o acesso ao YouTube foi um ato de censura. "Causou um dano irreparável à imagem do Brasil", afirmou.
Um dia foi suficiente para os internautas brasileiros encontrarem novos caminhos para acessar o YouTube. Endereços como www2.youtube.com; www.youhide.com; www.tubemania.com, entre outros, foram divulgados pelos internautas para furar o bloqueio. Até configuração de proxy era ensinada passo a passo. "Existem vários endereços para uma mesma página que não são informados. Neste caso, os poucos que sabiam como driblar, compartilharam a informação", explicou o engenheiro do Comitê Gestor de Internet, Demi Getschko.
Pelo menos 5,7 milhões de internautas, usuários dos três provedores da Brasil Telecom (Ig, Ibest e Brturbo), ficaram sem conseguir acessar o domínio do site. A Telefônica não divulgou o número de internautas afetados. Segundo o site G1, o diretor de programação da MTV (canal em que a apresentadora trabalha), Zico Goes, disse já ter recebido mais de 80 mil e-mails de protesto contra a decisão judicial de tirar o site do ar. "A maioria das mensagens diz que estão boicotando a MTV enquanto a Cicarelli não for demitida", conta o diretor.
