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14 MAR 2008

Desconhecimento afasta brasileiro do acesso à Internet






Convergência Digital - 14/03/2008 - [ gif ]
Autor: Ana Paula Lobo
Assunto: Inclusão digital

A maior barreira para o brasileiro acessar à Internet está na falta de habilidade, depura a pesquisa TIC Domicílios 2007, realizada pelo NIC.Br. No estudo, 58% dos entrevistados - foram 17 mil pessoas de todas as classes sociais e em todo o país - admitem que não acessam à Internet por desconhecer como usar o meio de forma adequada. Apesar de um incremento significativo no uso do computador e da Internet nos últimos 12 meses, 59% dos entrevistados assumiram: Nunca utilizaram a Internet na vida.

O levantamento, divulgado nesta sexta-feira, 14/03, também apura que a política de desoneração fiscal concedida pelo governo para os computadores trouxe resultados significativos na parte de TIC residencial. Em 2007, o PC estava presente em 24% dos domicílios brasileiros, um percentual quatro pontos acima do registrado em 2006. No entanto, o TIC Domicílios 2007 também evidencia que ainda há muito por fazer, uma vez que 40% dos entrevistados afirmaram nunca terem utilizado um computador na vida.

"Fica claro que há, sim, uma ligação entre a exclusão social e a exclusão digital. As regiões Norte e Nordeste são às que apresentam os resultados piores, em função da desigualdade econômica", destaca o Secretário de Logística e TI do Ministério do Planejamento e integrante do Comitê Gestor da Internet, Rogério Santanna.

O levantamento TIC Domícílios 2007 mostra ainda que mesmo com a política de desoneração, com o "derretimento" do dólar e com a baixa de custo dos PCs no Brasil, o preço do computador ainda é fator que impede a sua aquisição pelas classes de menor poder aquisitivo. Este ponto foi apontado por 76% dos entrevistados. O custo considerado ideal pela maioria dos entrevistados fica em R$ 1.000,00.

O preço também afungenta o acesso à Internet nas casas ( 58%), apesar que boa parte dos entrevistados já apresentarem menor resistência em pagar para ter uma conexão "permanente" de acesso à Internet. Esses entrevistados estariam dispostos a pagar até R$ 40,00 para ter acesso à banda larga (velocidade considerada no estudo acima de 256 Kpbs).

Mas a verdade é que o estudo desvenda, de fato, o maior problema do Brasil: A baixa qualidade da educação. Isso porque o motivo que desponta como o principal para justificar o não uso da Internet - 55% - é a falta de habilidade de lidar com o meio. "É um problema sério porque as pessoas têm pouca instrução e não têm quem as ensine", observa Santanna.

Política que deu certo
O crescimento mais expressivo de penetração de PCs aconteceu nos lares cuja renda está entre três e cinco salários mínimos - passando de 23%, em 2006, para 40%, em 2007. O levantamento do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto Br constata ainda que em todas as classes sociais, inclusive nas mais baixas, houve um incremento de lares com PCs.

Na faixa de um salário mínimo, por exemplo, em 2006, apenas 2% dos lares tinha computador. Em 2007, esse percentual já cresceu para 3%. Já entre um e dois salários mínimos, o crescimento passa de 3% em 2006, para 9%, em 2007.

"Essa é a prova que as classes D e E também querem o computador. Elas se esforçam para ter um PC em casa, principalmente, para atender o desejo dos filhos", observa Augusto Gadelha, coordenador da Secretaria de Política de Informática do Ministério da Ciência e Tecnologia e também integrante do Comitê Gestor da Internet.

O levantamento do NIC.Br ouviu 17 mil entrevistados entre setembro e novembro de 2007. Os entrevistados tinham idade acima de 10 anos. A amostra foi desenhada com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE.