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10 JUL 2007

Crimes cibernéticos rendem US$ 105 bi






Veículo: Maracaju News
Data: 10/07/2007
Assunto: Internet

Os chamados crimes cibernéticos, que envolvem a utilização de redes de computadores, já trouxeram um prejuízo mundial superior a US$ 105 bilhões, segundo levantamento do governo norte-americano divulgado pelo juiz Fernando Neto Botelho, membro da Comissão de Tecnologia da Informação do Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

Botelho participou de audiência pública conjunta das comissões de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT), na quarta-feira, para discutir parecer do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) a três projetos de lei que visam combater tais crimes.

Segundo o juiz, delitos como a "pescaria eletrônica" para a obtenção de senhas bancárias cresceram mais de 50% em 2006 e sites de relacionamentos, como o Orkut, acolhem até o comércio de drogas.

- Fatos como esses começam a chegar aos tribunais sob intensa discussão da tipicidade penal. Diante da ausência de uma lei expressa, não se pode impor pena, pois não há crime sem lei anterior que o defina - observou Botelho.

Para o perito criminal Paulo Quintiliano da Silva, do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, no início os crimes cibernéticos poderiam ser considerados "mais românticos": eram cometidos por pessoas que gostavam de mostrar que eram capazes de invadir os sites mais seguros. Agora, comparou, o criminoso atua para obtenção de vantagem financeira ilícita.

- Para isso, ele não tem que trocar tiros com a polícia, apenas usar um teclado e um mouse. Ele obtém vantagem com mais facilidade e sem grandes riscos.

Um dos grandes problemas para a punição dos crimes cibernéticos, registrou o presidente da SaferNet Brasil, Thiago Tavares, é o fato de muitos crimes serem praticados por pessoas que estão fora das fronteiras brasileiras. A SaferNet é uma rede que engloba 26 países em torno do combate à pornografia infantil e dos crimes de ódio racial.

Provedores investem em segurança

O diretor-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação, Demi Getschko, também mencionou a dificuldade de se legislar sobre crimes internacionais. Ele recordou que os responsáveis pelos sites registrados com a expressão .br apresentam seus dados para obter o registro. Com mais exigências, alertou, os interessados poderão registrar seus sites em outros países.

O presidente da Associação Brasileira dos Provedores de Acesso, Serviços e Informações da Rede Internet (Abranet), Eduardo Fumes Parajo, informou que as empresas do setor investirão R$ 13,2 milhões por ano para armazenar os logs, informações de cadastro dos usuários, conforme estabelece o artigo 21 do projeto. Na opinião do consultor jurídico Marcelo Bechara de Souza Hobaika, o artigo 21 - que trata das responsabilidades dos provedores de acesso - deveria ser retirado do projeto, pois "não houve debate com a sociedade sobre a questão dos provedores".

Eduardo Azeredo, que se disse pronto a aceitar críticas e sugestões ao texto que vai apresentar, observou que o país precisa de uma legislação sobre o assunto, como já ocorre em diversos outros países.