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02 ABR 2008

Conectados ao passado






Zero Hora - 02/04/2008 - [ gif ]
Assunto: Indicadores

O sistema discado ainda é a única forma de acesso à web em 42% das residências brasileiras que têm conexão à rede

O acesso discado (dial-up) é uma realidade Brasil afora. Quase metade das casas dos brasileiros com internet só dispõe da conexão que faz aquele barulho chato nas demoradas tentativas de discagem e tem uma baixa velocidade de transferência de dados. A banda larga só está em 50% das residências com acesso à rede.

Em plena sociedade da informação, a internet é ainda um luxo presente em apenas 17% dos lares brasileiros - 9,2 milhões de residências, segundo pesquisa de 2007 do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). E em quase um terço das cidades (1.843 municípios), a telefonia fixa é o único serviço da operadora local, conforme a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

Na tentativa de recuperar esse atraso tecnológico, o governo federal pretende levar a banda larga a todos os municípios até o final de 2010. Para cumprir a meta, a União assinará novo contrato com as operadoras para que elas montem infra-estrutura para transmissão de dados em alta velocidade. A conexão à banda larga começará por 55 mil escolas e se estenderá a todas as cidades. A tecnologia 3G (telefones celulares com banda larga) é uma das possibilidades para que o serviço seja oferecido nas cidades menores. Os sinais via satélite permitirão que a conexão rápida, de 400 kilobits por segundo (Kpbs) a 1 megabit por segundo (Mbps), chegue aos computadores de casa e aos laptops.

- Sabemos das dificuldades, mas a universalização é perfeitamente viável. O progresso do país depende da banda larga - afirma o ministro das Comunicações, Hélio Costa.

Dos 5.564 municípios brasileiros, apenas 2.125 têm estrutura de banda larga, em cidades que abrigam 74% da população, ou 141 milhões de habitantes, de acordo com dados da Anatel.

- Devido ao custo, a banda larga é um serviço disponível nas classes A e B, com pequena penetração na classe C. É preciso massificar a infra-estrutura para que o preço caia - avalia o secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Rogério Santanna dos Santos.

Para pôr fim aos gargalos na oferta do serviço, especialistas defendem a criação de rede de fibra óptica (PdP) de alta velocidade, capaz de assegurar conexão de qualidade. O consenso é que a falta de oferta de banda larga está ligada à viabilidade econômica.

- Não há como expandir as redes sem políticas públicas. É inviável economicamente. Vai se levar banda larga para quem não usa - diz Mamede Suleiman, diretor superintendente da Estação Engenharia, principal fornecedora em manutenção de redes de telefonia.

As operadoras reclamam da alta tributação no setor, que chega a 46,40% da receita líquida, segundo a pesquisa O Valor da Telefonia Móvel para a Sociedade Brasileira, divulgada pela Fundação Getúlio Vargas. A redução da carga tributária é defendida pelas empresas como forma de baratear o serviço e facilitar o acesso.

Enquanto não se definem políticas públicas para a universalização da banda larga, muitos brasileiros permanecem condenados a navegar com a internet discada, que opera com velocidade máxima de 56 Kbps - irrisória se comparada a outros países. Na Alemanha, por exemplo, não há acesso disponível abaixo de 4 Mbps, ou seja, 70 vezes mais rápido.