NIC.br

Ir para o conteúdo
28 AGO 2007

CGI.br fomentará interoperabilidade de acervos digitais






Veículo: Convergência Digital
Data: 28/08/2007
Autora: Cristina De Luca
Assunto: Conteúdos Digitais

Os passos seguintes aos debates sobre conteúdos digitais promovidos pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) nos dias 5 de julho e 2 de agosto já estão em curso. Cada uma das aproximadamente 50 instituições públicas, privadas e da sociedade civil participantes dos encontros estão sendo convidadas a assinar um memorando de intenções que sintetiza as discussões do dois seminários e propõe ações de curto prazo, e propostas de projetos-pilotos que possam gerar aplicações estruturantes utilizando o conteúdo digital já existente na Internet.

A idéia é vir a ter um Sistema Brasileiro de Interoperabilidade de Acervos Digitais, padrão, que sirva de parâmetro para editais e projetos que envolvam a produção, digitalização, indexação, catalogação, disseminação, difusão e uso de conteúdos digitais relevantes para a cultura brasileira, em softwares preferencialmente livres.

Entre as ações de curto prazo estão um inventário de todos os acervos que já estão online e, em seguida, de acervos interessantes que ainda não estão digitalizados e que servirão como piloto para projetos estruturantes envolvendo, necessariamente, três componentes: a formação de comunidades; a localização por mecanismo de busca capazes de mostrar aquilo que o Google não mostra, com captura de metadados pré-definidos; e um sistema de streamming distribuído para vídeo e áudio.

- Esses projetos serão objeto de editais que sairão no final do ano e no início do ano que vem. Os estudos já estão em fase de contratação. Esses projetos, não. Ainda estão em fase de formatação. Vão requerer um detalhamento final antes de virar edital, explica Henrique Faulhaber, coordenador do CT-Conteúdos do Comitê Gestor.

Apoio à indústria nacional

Os projetos estruturantes passam por apoio à indústria nacional de software e serviços de tecnologia da informação para desenvolvimento de soluções inovadora e por iniciativas de modernização do marco regulatório do direito autoral e da propriedade intelectual, no sentido de que nossa legislação deixe de ser uma das mais restritivas do mundo para digitalização de acervos culturais.

- Nós do CGI-br conseguimos catalizar vários organismos governamentais e da sociedade privada. Conseguimos colocar juntos vários organismos de governo que não se falavam. E procuramos envolver também órgãos de fomento que garantam a continuidade desses projetos estruturantes. Eles devem ser ações de longo prazo que envolvam investimentos vultosos. Dar sustentabilidade a esses projetos é importante, para que não sejam interrompidos, diz Faulhaber.

Os recursos do CGI-br são poucos. Servirão para dar o ponta-pé inicial e criar o padrão de interoperabilidade dos acervos.

- O CG definiu, no planejamento do ano passado, que faria investimentos na área de conteúdo. A maioria dos investimentos do CGI sempre foi na área de números, segurança e de infra-estrutura. Mas a gente acha que fomentar a produção de conteúdo em português é importante para desenvolver a internet brasileira. Agora, o CGI-br não pode ser o único fomentador disso. Não podemos custear a digitalização de todo o acervo da Biblioteca Nacional, por exemplo, explica Faulhaber.

De olho também na TV Digital

E de fato não o será. Segundo Faulhaber, o próprio Ministério da Cultura considera essa iniciativa do CGI o DNA do Fórum Nacional de Cultura, que vai ter uma ênfase muito grande de Cultura Digital.

- Isso tudo está muito relacionado com a TV Digital. O Minc, quando pensa em conteúdo digital, pensa também em TV pública, em IPTV, em convergência. Digitalizar o acervo da Biblioteca Nacional passa por torná-lo disponível também pela difusão por IPTV, diz Faulhaber.

- É por isso que o pessoal de TV pública e de TV universitária está trabalhando junto com a gente, olhando tudo isso com muita atenção. A experiência da RNP na TV universitária é muito importante para gente também. Assim como a do Ibict, que tem uma experiência muito grande na interoperabilidade de conteúdo técnico/científico, completa.

Como bem diz o memorando de intenções,"frente ao desenvolvimento de novas mídias, como a Internet, a TV Digital e as mídias móveis, bem como sua convergência, o país tem a oportunidade de presenciar grande valorização de seus acervos, e o enorme desafio de preparar-se nos próximos anos para ser um grande produtor de conteúdo, sendo imprescindível assegurar que a cultura brasileira preencha esses espaços essenciais".

- Esse nosso trabalho começa com a questão de cultura brasileira e artes. Bibliotecas e museus. Mas não para aí. O chefe do departamento de divulgação científica do MCT é um dos participantes. Está trazendo uma série de experiências sobre os museus do MCT, o projeto Ciência Hoje, etc, diz Faulhaber.

- Terá uma linha, ainda não desenvolvida, de inserção das comunidades lusófilas, via Itamaraty. O Secretário Geral mandou um representante. A idéia é promover uma reunião com países de língua portuguesa para trazê-los para o projeto.

Em resumo, as ações são complementares a de outros ministérios, como o MCT e o Mec, além do Minc.

- O Mec se encarregou, através do edital deles, da questão do conteúdo digital para segundo grau nas áreas de ciências, matemática, física, e língua portuguesa.

O portal Domíno Público, a Tv Escola e outras iniciativa do Mec integrarão o que o Mac está chamando de Portal do Professor, comenta Falhaber.

- O foco do nosso trabalho no CGI-br não é específico para a educação, mas a gente está pensando bastante, o tempo todo, em educação básica, já que o governo está falando em levar a internet para todas as escolas nos próximos três anos. Em como a gente pode levar para as escolas mais conteúdo de cultura brasileira, completa ele.

Ações imediatas

Segundo Faulhaber, não há verba carimbada para as inicitaivas do CGI-br. Os projetos precisam ser escritos e orçados.

- O que tem é o investimento já feito em articulação e nessa fase de levantamento dos acervos, diz.

O estudo daquilo que está online vai começar imediatamente.

- Já estamos em campo para contratar pessoal para fazer isto. É uma trabalho pequeno, a partir das instituições que já estão conveniadas a essas entidades, afirma Faulhaber.

Esses técnicos irão até às instituições, olharão a coleção, descreverão o que têm nos acervos, considerando as quatro categorias multimídia (texto, áudio, imagem, vídeo), o formato da digitalização, se têm banda suficiente, se têm metadados suficientes. Farão, enfim, todo o levantamento necessário para conhecer a real situação de cada banco de dados.

- A gente constatou que já tem muita coisa online, escondida, ou acessível só para quem freqüentadores deste ou daquele serviço. São ilhas. Ilhas invisíveis não só para a sociedade como para os próprios mecanismos de busca. O Google e outros mecanismos de busca não vão fundo nestes bancos de dados, para entregar isso para quem está pesquisando, procurando, explica Faulhaber.

É, sem dúvida, um destino mais que nobre e necessário para os milhões angariados com as taxas de registro e mantidos por anos e anos parados no cofre da Fapesp.